A liderança brasileira no mercado mundial de etanol pode ser ameaçada se não houver investimentos no setor. A opinião é de especialistas presentes ao Ethanol Summit, em São Paulo. Para Lucia Carvalho Pinto Melo, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), a expansão do biocombustível abre uma "janela de oportunidades". "Esse é o momento do Brasil", afirma. O crescimento, no entanto, depende do desenvolvimento de tecnologias para o setor, que possam garantir ao país a continuidade na liderança do mercado mundial de etanol.

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A opinião é compartilhada pelo professor Oscar Braunbeck, da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade de Campinas (Unicamp). "Nós temos um desafio e uma necessidade de não perdermos a liderança", afirma. "O que fizemos nos últimos 30 anos está ótimo, mas temos que pensar nos próximos 30. Temos terra suficiente, mas precisamos investir em tecnologia".

Silvia Sagari, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), aponta a necessidade de investir na criação de um mercado global para o produto, o que só será possível com o estabelecimento de padrões técnicos e de uma logística compatível com as pretensões do mercado. "Brasil é líder, mas pode ficar para trás", diz.

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Exportação

Enfrentada a questão dos investimentos, a exportação do álcool brasileiro acontecerá naturalmente. A opinião é do coordenador da comissão especial de biocombustíveis do estado de São Paulo, José Goldemberg. Para ele, a rentabilidade do produto brasileiro será capaz de passar ao largo das dificuldades enfrentadas pelo etanol produzido em outras partes do mundo.

"Nos Estados Unidos, por exemplo, a cultura do milho para biocombustível está atingindo outros cultivos, como a soja, e criando problemas", afirma. Já no Brasil, segundo Goldemberg, há área suficiente para suportar o crescimento da demanda sem provocar a expulsão de outras culturas. O que pode acontecer, diz, é um reflexo indireto: "A cana poderia, por exemplo, expulsar o gado para áreas da Amazônia".

São Paulo

O estado de São Paulo é o principal produtor nacional de cana. Nos próximos cinco a sete anos, essa produção deve aumentar em 50%. Goldemberg, no entanto, acredita ser possível aumentar em 35% a produção do estado com base no uso da tecnologia, com pouca expansão da área plantada. Hoje, apenas 35% da cana do estado é colhida de forma mecanizada.

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