Após meses de reveses na guerra entre Estados Unidos e a empresa chinesa de tecnologia Huawei, o vento parece estar mudando. Nos últimos dias, União Europeia, Alemanha e Brasil tomaram medidas para restringir as operações da companhia. Há mais de um ano, os EUA insistem que a Huawei pode ser um cavalo de Troia do governo de Pequim para espionar e sabotar digitalmente outros países.
Os argumentos americanos parecem avançar também no Canadá. "Quando Huawei chegar ao Canadá... eles terão acesso aos relatórios médicos, bancários, posts nas mídias sociais - eles saberão tudo de todos os canadenses", disse o consultor da segurança nacional da Casa Branca, Robert O'Brien, numa conferencia no Canadá em que recebeu aplausos de parlamentares conservadores que pedem ao primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, de seguir os EUA.
O'Brien alertou também os canadenses que a troca de informações entre as inteligências de Estados Unidos e Canadá "será afetada se nossos aliados próximos deixarem o cavalo de Troia entrarem na cidade".
A inversão de marcha sugere que aliados que exitavam em se unirem aos Estados Unidos numa proibição geral à Huawei cogitam ações limitadas contra a empresa chinesa que vão ao encontro às demandas das autoridades americanas. Isso pode reduzir o perigo do domínio chinês nas redes 5G que trasportarão mais dados que qualquer outra rede wireless já existente e suportarão uma tecnologia de nova geração que permitirá o funcionamento de veículos autônomos e fábricas automatizadas.
A União Europeia, por exemplo, apoia um processo meticuloso de revisão das companhias de 5G que inclui o exame do quadro legal e de política empresarial. Isso pode levar à proibição da Huawei por causa de suas ligações com o Partido Comunista Chinês. O parlamento alemão aprovou uma resolução parecida - embora a chanceler Angela Merkel fosse contrária - que bloqueia os equipamentos de 5G dos países em que os governos têm forte controle sobre o setor privado.
O Brasil também avalia impor restrições à instalação da Huawei no país. O leilão do 5G está previsto para o ano que vem. De acordo com a Folha de S. Paulo, o governo brasileiro, pressionado pelos EUA, estuda a criação de um comitê de revisão dos investimentos estrangeiros, que especialistas enxergam como uma saída legal para excluir a companhia chinesa da licitação.
No entanto, apenas um pequeno grupo de países têm seguidos os Estados Unidos na proibição total da Huawei - Austrália, Japão e Nova Zelândia. O Reino Unido decidiu limitar os contratos da Huawei às redes periféricas do 5G, deixando de fora o centro nevrálgico do sistema. Mesmo assim, isso daria acesso a muitas informações, segundos as autoridades americanas.
A tendência de mudança observada em muitos países ocorre no momento em que o governo dos EUA realiza esforços para restringir a Huawei - que contempla a proibição das redes de 5G, os contratos com o governo e restrições à venda de produtos americanos à companhia chinesa.
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