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Sobe ou desce? Depende dos gringos

João Felipe Radloff deu prioridade a ações do setor elétrico | Felipe Rosa / Gazeta do Povo
João Felipe Radloff deu prioridade a ações do setor elétrico (Foto: Felipe Rosa / Gazeta do Povo)

A participação recorde do investidor estrangeiro na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) resultou em um semestre marcado pela volatilidade dos principais papéis do mercado. Ditado pelo humor do mercado externo, o Ibovespa – índice que representa as principais ações da bolsa paulista – abriu o ano em baixa, com 56.754 pontos, chegou aos 68.394 pontos em março, mas fechou o mês de junho com queda de 4,2% no ano, na casa dos 54 mil pontos.

O desempenho é creditado à grande participação estrangeira no bolo de investidores. Em 2012, este grupo passou a representar 40,1% de todos os que aplicam dinheiro na Bovespa. Investidores institucionais, pessoas físicas e instituições financeiras representam 32,1%, 18,4% e 8,1% da soma do volume de compra e venda no ano, respectivamente. Empresas e outros respondem por 1,3%.

"Com essa relação, as decisões políticas na Europa e Estados Unidos passam a ser cada vez mais determinantes para o comportamento das nossas ações. O índice da bolsa fica excessivamente dependente disso", avalia Wagner Salaverry, sócio-diretor da corretora Geração Futuro. "A bolsa funciona integrada ao mundo. Ao comparar o Ibovespa com índices de outros países, percebe-se que as curvas são bastante parecidas", aponta Frederico Meinberg, diretor do home broker Rico.com.vc.

Quando atingiu seu pico no ano, em 13 de março, a alta era puxada pelas notícias de recuperação da economia norte-americana e pelo anúncio de que o segundo pacote de resgate à Grécia poderia tornar as dívidas do país sustentáveis.

O movimento seguinte, de queda, foi puxado pela instabilidade no sistema financeiro espanhol, eleições gregas, a crise europeia e revisão para baixo das previsões de PIB no Brasil, EUA e China. "Além de migrarem seus fundos dos emergentes para os Estados Unidos, investidores do mundo inteiro saíram das aplicações de renda variável e fugiram para a renda fixa por segurança", explica Meinberg.

Para Salaverry, se a participação de pessoas físicas e investidores institucionais na Bovespa fosse maior, o desempenho do mercado interno seria mais determinante nos índices do que é hoje. "As reduções da taxa Selic, por exemplo, surtiriam mais efeito para animar o investidor", afirma.

Futuro

Se as causas são consenso, o comportamento das ações nos próximos meses parece ser imprevisível. A avaliação é de que o momento é interessante para comprar papéis em função dos baixos preços das ações, que devem aumentar. Só não se sabe quando. "É um bom momento para quem tem calma. Os preços médios estão no mesmo patamar de 2007. Só não sei se a recuperação vai se dar nos próximos três meses ou se só vai acontecer no fim do ano que vem", afirma Salaverry.

Felipe Rocha, analista de renda variável da Omar Camargo, afirma que a tendência é de que o cenário seja mais tranquilo, mas as variáveis políticas são muito grandes. "Ao mesmo tempo em que a crise parece já ter passado pelo seu pior momento, temos eleições americanas e uma série de decisões políticas na Europa que tornam o panorama bastante imprevisível. A recomendação é ser cauteloso", indica Rocha.

Alguns analistas se arriscam em previsões mais objetivas. Frederico Meinberg, da Rico, afirma que a busca por papéis deve crescer no segundo semestre e que a bolsa sinaliza para um final de ano na faixa dos 60 mil pontos. "Isso se não tivermos nenhum sobressalto na política", pondera.

"Caso se confirme o rompimento da barreira dos 58 mil pontos nas próximas semanas, eu acredito que o ano feche entre 65 e 70 mil pontos. O comportamento gráfico aponta esta curva", exlpica Leandro Martins, analista-chefe da corretora Walpires.

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