A Organização para o Comércio e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aconselhou o governo brasileiro a usar o excesso obtido sobre a meta de superávit de 2005 para o pagamento de dívidas ao invés de elevar os gastos no final deste ano. Essa avaliação se alinha com a posição do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, que defende uma folga fiscal maior para reduzir a vulnerabilidade do país, mas vai na contramão da sugestão da ala liderada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff – que propõe um aumento dos gastos públicos, levando o superávit primário mais próximo à meta de 4,25% do PIB.

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"O superávit orçamentário primário consolidado está bem acima da meta de 4,25% do PIB para o final deste ano, principalmente por causa de uma vigorosa arrecadação", disse a OCDE em seu estudo semestral "Perspectiva Econômica", no qual avalia a economia mundial. "Seria aconselhável usar essas economias acima da meta para se pagar dívida, ao invés de se permitir uma expansão fiscal no final do ano."A organização também afirmou que uma queda maior da relação entre a dívida pública e o PIB entre 2005 e 2007 "seria desejável".

No geral, o estudo contém uma avaliação positiva sobre a economia brasileira. Segundo a OCDE, o crescimento da produção no país tem ganhado ritmo desde o segundo trimestre e deverá ganhar mais fôlego no curto prazo. "O consumo privado tem sido resistente e o investimento está em alta", disse. "A balança comercial e a conta externa corrente continuam registrando superávits saudáveis, apesar da crescente demanda por importações resultante do fortalecimento do real."

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Segundo o estudo, a economia brasileira deverá crescer 3,2% neste ano – menos que os 3,6% da previsão anterior –, 3,7% em 2006 e 3,9% em 2007. Apesar de estar otimista com a economia brasileira, a OCDE observa que há riscos para essa previsão, nos campos inflacionário, político e externo. Na frente doméstica, o principal risco seria a idéia de que a oferta vai se expandir de acordo com a demanda, o que poderia afastar as preocupações com a inflação. O calendário político, com as eleições em outubro de 2006, também poderá adicionar incerteza para a perspectiva, disse a organização.