Mesmo com as confirmações por parte das centrais sindicais de que o Dia Nacional de Luta, marcado para esta quinta-feira, 11, ganha cada vez mais adesões dos trabalhadores, parte das entidades patronais tem se mostrado cética em relação aos atos e prefere não se manifestar. Nenhuma informou ter elaborado algum plano de contingenciamento para tentar minimizar os efeitos das paralisações.
Procuradas pela reportagem, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Confederação Nacional da Indústria (CNI) disseram que não tinham nenhum posicionamento a respeito do assunto. A Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping (Alshop) afirmou, por meio da assessoria, que não tem nenhuma orientação específica aos lojistas de shopping sobre a possível greve e que "prefere se pronunciar se de fato a paralisação acontecer".
A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo (FDCL) também encampou o discurso mais cético em relação à realização dos atos. Segundo a assessoria, a entidade "não acredita que essa greve vai acontecer". "Nossa orientação é abrir as lojas normalmente. Não concordamos e não apoiamos essa greve", diz o presidente da FCDL-SP, Maurício Stainoff.
A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) afirmou que considera qualquer paralisação como "desrespeito à lei". A entidade também disse não ter "nenhuma confirmação de que haverá greves nesta quinta-feira". O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, no entanto, confirmou a adesão da classe ao movimento das centrais e disse que a previsão é que as 60 agências bancárias da Avenida Paulista, em São Paulo, não funcionarão nesta quinta-feira.
Consultados, Bradesco, Banco do Brasil e Itaú preferiram não comentar as declarações da assessoria da Fenaban. Até as 18h30, a Caixa e o Santander não haviam respondido o questionamento. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) afirmou que cabe a cada empresa a decisão sobre as medidas que devem ser tomadas amanhã pelos seus associados.
Críticas
A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) voltou a divulgar nota nesta quinta em que reconhece os atos e diz que eles estarão "atentos e vigilantes a ideia de alguns maus brasileiros que querem promover uma greve geral no próximo dia 11".
Segundo a Abimaq, "nada mais absurdo e inoportuno". "Querem parar o Brasil, parar a produção, parar hospitais e serviços essenciais, parar portos e aeroportos, sem se preocuparem com o enorme preço que todos nós pagaremos se essa ideia vingar", diz a nota, ressaltando que greve é um direito legítimo dos trabalhadores, mas precisa ser usada com responsabilidade.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) também reconhece o direito dos trabalhadores em realizarem greves, mas diz que o País "não pode continuar a sofrer com frequentes paralisações dos meios de transporte e a interrupção do trabalho". De acordo com o presidente da ACSP, Rogério Amato, as empresas necessitam produzir para atender as necessidades dos consumidores. "A população precisa se locomover, seja para trabalhar, para consumir ou mesmo para o lazer", diz em nota.
A ACSP faz ainda um apelo às autoridades "e, sobretudo, aos grupos e movimentos sociais para que o legítimo direito às manifestações seja compartilhado com o direito das demais para que a liberdade seja de todos e para todos". A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) afirmou que os atos são vistos "com profunda insatisfação e contrariedade pelas indústrias do setor eletroeletrônico", disse o presidente da entidade, Humberto Barbato, por meio de nota. Apesar de reconhecer o direito legítimo do trabalhador em realizar paralisações, a Abinee ressalta que "este instrumento deve ser utilizado com responsabilidade, respeitando os direitos individuais de todo o conjunto da sociedade".
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