"É hora de contra-atacar", diz o site Stupid Filter -- "sofremos em silêncio por muito tempo sob a tirania da idiotice". O discurso catastrófico e bem humorado dos programadores Gabriel Ortiz e Paul Starr inspira a missão de identificar e barrar comentários "estúpidos ou incompreensíveis" que inundam a internet.
O objetivo é permitir que sites e blogs separem, automaticamente, o joio do trigo em comentários escritos por usuários.
Entre os alvos do filtro estão mensagens incompreensíveis, com repetição de letras ("jkjkjkjklolol", "HuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuH!!"), erros ortográficos ("mii mom htes it") e ofensas. Segundo o dogma do Stupid Filter, são mensagens como essas que contribuem para a desordem na internet. Como a pesquisa só inclui comentários escritos em inglês, não é possível prever o comportamento do software com textos em português (ou Miguxês) -- sejam eles "estúpidos" ou não. "No começo, a internet era um lugar em que você podia se comunicar de maneira inteligente com as pessoas. Mas então veio o 'Setembro Eterno' e ficamos perdidos nessa bagunça", diz o texto no site do Stupid Filter. A expressão "Setembro Eterno" é usada para lembrar o fluxo cada vez maior de usuários de internet sem experiência -- fenômeno historicamente ligado à explosão de usuários da America On-Line (AOL) em 1993.
Como funciona
O princípio da ferramenta é o mesmo dos sistemas anti-spam, que identificam padrões recorrentes no lixo eletrônico. Mas a tarefa é mais complicada, já que comentários "inteligentes" podem ser barrados acidentalmente se abusarem de ironia e sarcasmo.
Um comentário com as palavras "lol" (abreviação que significa "dando gargalhadas") e OMG! (equivalente a "meus Deus do céu") certamente vai ser barrado pelo filtro.
Quando um comentário "estúpido" é detectado, ele não é publicado. O autor recebe uma mensagem de alerta: "Esse comentário é mais ou menos incompreensível. Por favor, tente reescrevê-lo".
Em fase de desenvolvimento, o Stupid Filter deve ter uma versão de testes abertos em dezembro. Já foram analisados mais de 200 mil comentários, a maioria do YouTube, que serviram de base para um banco de dados preliminar. Esses comentários são distribuídos em uma "escala de estupidez" de 1 a 5.
Os criadores do "filtro de estupidez" prometem plugins para o navegador Firefox e o sistema de blogs Wordpress. No site do projeto o usuário pode se candidatar a moderador para colaborar com a iniciativa.