Ameaça
Decisão do governo argentino deve derrubar embarque de veículos
A decisão da Argentina de cortar até 27,5% das importações de automóveis, anunciada na semana passada, deve ter forte impacto sobre a indústria automotiva paranaense. Com a medida, os embarques de veículos podem cair até 25% no próximo ano, o que reduziria as exportações totais do estado em pouco mais de 1%.
Sem competitividade para exportar grandes volumes para a Europa ou os Estados Unidos, as montadoras brasileiras ficaram mais dependentes das vendas para o país vizinho nos últimos anos, fenômeno que é ainda mais evidente no Paraná de janeiro a novembro, 91% dos carros exportados pelo estado tiveram a Argentina como destino.
O anúncio do governo de Cristina Kirchner azedou um ano que vinha sendo muito positivo. Os embarques de carros feitos no Paraná cresceram 17% de janeiro a novembro, chegando a US$ 883 milhões, puxados pela alta de 21% nas vendas para a Argentina. Incluindo na conta todos os tipos de veículos e componentes automotivos, as exportações do polo automotivo paranaense aumentaram 5% neste ano.
Safra recorde, demanda elevada e preços firmes fizeram da soja a principal responsável pelo aumento das exportações do Paraná neste ano. De janeiro a novembro, o estado faturou US$ 17 bilhões com as vendas de mercadorias ao exterior, valor 3% superior ao do mesmo período de 2012. Mas, sem o grão, as receitas teriam baixado 1%, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Os resultados reforçam a dependência que o Paraná mantém em relação a seu principal produto de exportação. A participação da soja no faturamento do comércio exterior do estado aumentou de 20% nos primeiros 11 meses do ano passado para 23% neste ano a mais alta em pelo menos 16 anos, quando teve início a atual série histórica do MDIC. No momento de menor dependência, em 2006, a fatia foi de 7%.
Apesar da supremacia da soja, o aumento das exportações deste ano até que foi bem distribuído. Dos 15 principais grupos de produtos, que concentram quase 90% das vendas ao exterior, nove registraram crescimento. Além da própria oleaginosa, cujos embarques cresceram 20%, os que tiveram maior impacto no resultado geral foram farelo de soja (alta de 17%), carnes (9%), veículos e peças (5%) e equipamentos mecânicos (10%).
O problema é que houve quedas muito acentuadas em outras categorias importantes. As exportações de combustíveis em especial, óleo combustível e diesel despencaram 81%, provavelmente por causa do crescimento do consumo doméstico. Também se retraíram os embarques de produtos como milho e outros cereais (-19%), açúcar (-17%) e óleo de soja (-16%).
Câmbio a favor
O discreto avanço das receitas em dólar, de apenas 3%, foi compensado pela taxa de câmbio. A cotação média do dólar de janeiro a novembro foi de R$ 2,14, 10% acima da taxa média do mesmo período de 2012. Assim, ao converter as receitas para a moeda brasileira, os exportadores ganharam mais: em reais, o faturamento das exportações aumentou 14%.
Importações caem pela primeira vez em quatro anos
O Paraná importou US$ 17,8 bilhões de janeiro a novembro, valor 1% inferior ao do mesmo período de 2012. Foi a primeira queda desde 2009, quando as compras acumuladas nos 11 primeiros meses do ano despencaram 35% por causa da crise internacional. A retração deste ano é explicada pela queda nas compras de três tipos de produtos: veículos e peças (-3%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-7%) e, principalmente, petróleo (-38%).
A redução nas importações de óleo bruto está relacionada às mudanças na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária. Até o ano passado, cerca de 30% do óleo refinado na Repar vinha de outros países, em especial da Nigéria. Com a modernização dos equipamentos da refinaria, que hoje consegue processar mais petróleo nacional (mais pesado), a dependência de matéria-prima importada baixou a 21%.
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