O Brasil quebrou em 1982, quando devia mais do que podia pagar aos credores estrangeiros. Naquele ano começou a maior crise econômica pela qual o país já passou. Para fechar as contas, o Banco Central era obrigado a fazer contratos curtos, a juros altos, algumas vezes contando com a boa vontade de outras instituições.
O então ministro do Planejamento, Delfim Netto, admitiu mais tarde que as reservas fecharam aquele ano com um saldo negativo de US$ 3 bilhões. O período de "enforcamento" durou até 1984 e incluiu até um empréstimo de última hora pedido diretamente para o presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan.
A negociação com os credores evitou o calote e o Banco Central desvalorizou o cruzeiro duas vezes para reverter o déficit comercial. O efeito colateral foi a hiperinflação e o desempenho fraco da economia durante a "década perdida". Mas a correção de rota não reduziu a exposição do Brasil a problemas externos. Em 1987, durante o Plano Cruzado II, veio a moratória decisão que levou a novas rodadas de negociação e só foi resolvida com uma reestruturação concluída em 1994.
Na década de 90, o pagamento dos juros da dívida externa se juntou à fuga de capitais na lista de preocupações do BC. Em diversos momentos a equipe econômica enfrentou a seguinte dúvida: deixar o fluxo de dólares seguir a vontade dos investidores ou fechar a torneira? Os acordos com o FMI levaram a uma estratégia que não barrou a saída de dólares, permitindo duas fortes desvalorizações do real e a manutenção de uma política econômica bastante restritiva. (GO)