O Brasil é um país sério, mas algumas pessoas são irresponsáveis no âmbito pessoal e organizacional, público e privado. O valor ético da pessoa é testado quando se pratica atos corretos por princípio e não por conveniência. Alguns cobram postura de líderes políticos e empresariais, mas são menos zelosos consigo mesmo. Com o mau exemplo de governantes que desperdiçam milhões, o cidadão individualizado também não tem incentivo para evitar o desperdício do tostão, de pedir nota fiscal ou honrar compromissos tributários; não paga em dia o condomínio, a conta da água, de energia elétrica, telefônica, as parcelas de prestações, o dinheiro emprestado de terceiros, as mensalidades escolares, a pensão alimentícia; não dá o troco correto no caixa ou apanha um troco superior ao devido e não devolve.

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Uma sociedade é o que é pela postura ética diária de cada um. E muitos ainda pensam que o Brasil somente será melhor no dia em que alguém empunhar uma espada e fizer algo grandioso. Não são o Brasil e os políticos que precisam de mudança, mas as pessoas que devem melhorar sua postura ética individual.

Há uma cultura generalizada de não se olhar no espelho para ver os próprios erros; ao invés, olha-se pela janela e acusa-se os outros. Muitos dos que nos envergonham no setor público são apenas cada um de nós: uma vez ferido o princípio só resta diferenciar a quantia.

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A corrupção pública e privada está fazendo apodrecer a redemocratização do Brasil, afetando negativamente a auto-estima dos cidadãos, levando ao ceticismo; partidos políticos são mercenários, aproveitadores e lobistas, e o crime se infiltrou no Estado e intimida nas ruas e nos lares. Mas é errado pensar que o setor público é de todo corrupto, pois funcionários públicos decentes também se aborrecem mediante atitudes reprováveis de colegas ou superiores.

CPIs sobre corrupção são inúteis pois não melhoram a ética individual, não forçam os criminosos a devolver o dinheiro público, desviam esforços do Parlamento, dão a falsa sensação de justiça ao cidadão, são uma fachada de exibição de pavões imbuídos de moralismo eleitoreiro num circo de acusações e auto-defesa.

Uma democracia só vale a pena quando triunfam pessoas de bem e não quando eleições legitimam demagogos que usurpam doutrinas bonitas e utilizam a estrutura do Estado para o banditismo. Política é a maneira mais civilizada e bonita de uma sociedade priorizar os seus recursos, e para isto o país precisa de cidadãos de boa índole, que se tornem líderes políticos e empresariais.

(masimo.justina@pucpr.br)

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