A agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou os ratings de longo prazo em moeda local e estrangeira da Argentina para CCC+, de B-, com perspectiva negativa. Os ratings de curto prazo foram rebaixados para C, de B. O rating de transferência e conversibilidade foi cortado para CCC+, de B-.
Segundo a S&P, existe um crescente risco para o serviço da dívida da Argentina, em função da disputa na Justiça dos EUA sobre os bônus que o país não pagou após o calote de 2001. Em 23 de agosto, a Corte de Apelações dos EUA rejeitou o desconto no pagamento de US$ 1,3 bilhão proposto pela Argentina, enquanto os fundos que não participaram da reestruturação da dívida - os chamados holdouts - exigem o valor integral. Por outro lado, a corte manteve uma medida cautelar que protege a Argentina de ter de pagar o valor até que a Corte Suprema de Justiça, instância máxima, decida sobre o mérito do caso. Esta decisão evita um default técnico iminente da Argentina.
"O processo pode resultar na interrupção do pagamento dos bônus atualmente sob jurisdição em Nova York, ou levar a Argentina a promover uma troca de dívida que nós veríamos como prejudicial", diz a S&P. Segundo a agência, se isso realmente acontecer, o rating do país será rebaixado para "default seletivo". "Nós acreditamos que existe uma chance em três de uma dessas duas opções se concretizar nos próximos 12 meses", acrescenta a S&P.
De acordo com a agência, a Argentina deve se esforçar para continuar honrando o serviço da sua dívida atual enquanto o processo judicial avança, mesmo com a queda nas reservas internacionais do país, o limitado acesso a financiamento e os crescentes desequilíbrios macroeconômicos. A S&P lembra que em 26 de agosto a presidente argentina, Cristina Kirchner, disse que o governo estudava promover uma nova reestruturação da dívida, oferecendo as detentores dos bônus trocados em 2005 e 2010 exatamente as mesmas condições atuais, mas com o papel emitido sob jurisdição local. Entretanto, um projeto nesse sentido ainda não foi enviado para o Congresso