A agência internacional de classificação de risco Standard & Poor´s (S&P) manteve nesta segunda-feira (23) a nota de crédito do Brasil. O país segue, assim, com o chamado grau de investimento (selo de bom pagador).

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A S&P acredita que a presidente Dilma Rousseff manterá o apoio ao ajuste fiscal promovido pela equipe econômica e que as medidas de austeridade ganharão eventualmente o suporte do Congresso.

PIB do Brasil deve encolher 1,0% em 2015 e crescer 2,0% em 2016, diz S&P

No comunicado em que afirma o rating global BBB- do Brasil, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s estima que o Produto Interno Bruto (PIB) real do país deve contrair 1% em 2015, para depois crescer 2% em 2016 e 2,3% em 2017.

Segundo a agência, o crescimento negativo deste ano deverá ser reflexo do impacto do aperto das políticas fiscal e monetária, do declínio do investimento da Petrobras e de sua cadeia de fornecedores e de um avanço limitado das exportações no curto prazo.

A partir de 2016, uma melhora gradual no nível de confiança dos empresários, aliada à execução da política monetária e dos efeitos retardados do câmbio devem dar suporte a uma pequena aceleração da economia.

Para agência, o déficit fiscal do setor público consolidado deve diminuir de 6,3% do PIB em 2014 para 4,9% em 2015, de 6,3% em 2014, um nível ainda considerado elevado pelos analistas. A dívida líquida do setor público consolidado também deve continuar a subir.

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Com isso, na avaliação da agência de risco, a credibilidade do governo será “gradualmente restaurada”, pavimentando o caminho para um crescimento mais robusto da economia a partir do ano que vem.

A nota de crédito do Brasil em moeda estrangeira foi mantida em BBB- e a de curto prazo em A-3.

Preocupação

“A S&P era uma das agências que mais preocupavam, pois é aquela segundo a qual o Brasil está apenas um grau acima do especulativo [com elevado risco de calote]. Se a S&P rebaixasse o país e fosse acompanhada de mais uma agência, uma série de fundos que são obrigados a investir em países com grau de investimento seriam forçados a retirar seus investimentos do Brasil”, afirma Fabio Lemos, analista de renda variável da São Paulo Investments.

Para Lemos, a manutenção do grau de investimento do país pela S&P deve ter sido motivada por alguma informação do governo envolvendo o balanço auditado da Petrobras. “Sem isso, o governo poderia ter que capitalizar a empresa, o que prejudicaria o ajuste fiscal prometido”, diz.

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Ajuste fiscal

Os analistas da S&P dizem que, apesar das dificuldades enfrentadas pelo governo, as sinalizações de política econômica neste segundo mandato da presidente Dilma Rousseff mudaram “consideravelmente”, o que não estava no cenário base. No comunicado de sua decisão, a agência citou o esforço do governo para executar o ajuste fiscal e o aperto monetário por parte do Banco Central para conter a inflação.

“O governo ainda tem de detalhar uma agenda de crescimento a médio prazo, mas esperamos que as medidas no final do ano, com uma ênfase renovada sobre a participação do setor privado em projetos de infraestrutura. Este é um outro componente chave para impulsionar o sentimento empresarial, que foi danificado nos últimos anos por decisões políticas irregulares e, atualmente, por incertezas associadas com repercussões econômicas da Petrobras e os riscos de racionamento de água e energia”, dizem os analistas.

A S&P afirmou ainda que a nota brasileira reflete a visão de que as instituições brasileiras são bem estabelecidas e que há um amplo compromisso com políticas que mantenham a estabilidade econômica. O texto diz que, apesar do escândalo da Petrobras, as investigações da Operação Lava Jato destacam “a força do quadro institucional do Brasil, incluindo a independência do Ministério Público”.