Axel Kicillof, ministro da Economia: risco de confisco| Foto: Enrique Marcarian/Reuters

Estratégia

O ministro da Economia do governo Kirchner, Axel Kicillof, afirmou ontem que a Argentina vai trocar os papéis de dívida reestruturada para pagá-la no próprio país. É uma maneira de tentar evitar o confisco do pagamento pela Justiça dos EUA, que determinou que o país deve acertar sua dívida com os detentores de título que não aceitaram a reestruturação. Kicillof comparou o ato de pagar os "fundos abutres" – como o governo de Cristina Kirchner chama esses investidores – equivalente a obedecer a uma ordem para cometer suicídio. "Não podemos permitir que nos impeçam de honrar nossa dívida reestruturada", reforçou.

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A agência de classificação de risco Standard & Poor’s reduziu de CCC+ para CCC- a nota de dívida soberana de longo prazo, em moeda estrangeira, da Argentina. Em comunicado divulgado ontem, a agência explica que o rebaixamento é reflexo da ampliação de riscos de calote da dívida da Argentina, após a decisão da Corte Suprema dos Estados Unidos, na segunda-feira, de rejeitar a apelação do país e decidir favoravelmente a um grupo de credores que não aceitou a reestruturação da dívida após o país ter ficado insolvente em 2001.

Ficou decidido que o governo deve pagar US$ 1,3 bilhão ao fundo de investimentos NML. Apesar de ter havido duas trocas dos papéis (em 2005 e 2010), cerca de 8% dos credores não aceitaram os novos termos. O NML detém uma parte desses títulos.

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"O governo da Argentina tem capacidade limitada de pagar os credores que entraram com a ação e, ao mesmo tempo, o serviço da dívida", afirmou a S&P. Caso o país opte por não pagar a dívida dos credores que não aceitaram a reestruturação, a S&P afirma que não considerará a posição do governo argentino como um calote.

Mas, por outro lado, a agência consideraria eventual interrupção no pagamento de juros da dívida em curso como um novo default. A agência também confirmou a nota da dívida de curto prazo em moeda estrangeira em "C", afirmando que uma interrupção de pagamentos devido a determinações adversas da justiça não deve afetar a capacidade do governo de honrar a dívida emitida em moeda local.

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse segunda-feira que o país honrará seus pagamentos e evitará o calote, mas não explicou como. Muitos especialistas esperam que a Argentina busque um acordo negociado com os credores em questão.

Histórico

Em 2001, a Argentina parou de pagar suas dívidas, incluindo cerca de US$ 81,5 bilhões em títulos. Em 2005 e em 2010, o país propôs uma reestruturação do montante – ou seja, pagar menos, em condições mais favoráveis.

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Uma parte dos detentores da dívida não aceitou a proposta. Assim, títulos de valor de face de cerca de US$ 6,8 bilhões ficaram de fora.

Após a reestruturação, a Argentina começou a pagar os credores que aceitaram o plano. O problema é que isso fere um princípio da lei que rege a dívida: não se pode privilegiar um detentor de dívida em detrimento de outro.