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“Spore” simula vida de forma divertida

“Bichos” criados por usuário do Spore: escolhas determinam atitudes do personagem | Reprodução
“Bichos” criados por usuário do Spore: escolhas determinam atitudes do personagem (Foto: Reprodução)

São Paulo - Oito anos. Esse foi o tempo que uma obra-prima digital precisou para ficar pronta. Depois de uma longa espera – e várias apresentações empolgantes que atiçaram ainda mais a curiosidade da imprensa e dos jogadores – finalmente o maior projeto de Will Wright tomou forma. Spore, ambicioso game em que se pode guiar uma vida do estágio celular à civilização, foi lançado no Brasil na semana passada.

Não só jogo é digno da reputação de Will Wright como o game pode ser considerado sua obra-prima. O jogo é um paradoxo. É assombrosamente complexo, ao mesmo tempo em que qualquer pessoa consegue jogar. Não existe complicação desnecessária, não existe frustração. Spore é como todo game deveria ser: essencialmente divertido.

Desde a caixinha o game é caprichado. A versão vendida no Brasil está primorosamente adaptada para o português. Além do útil manual de instruções, de fácil entendimento, o jogo em si está totalmente em português. A tradução está realmente competente, com muito critério na adaptação dos textos. Isso ajuda no entendimento do conceito do jogo, pois um guia passo-a-passo aparece entre os diversos estágios de desenvolvimento da criação.

O game começa com um cometa que desprende um pedaço ao passar pelo Sol e que acaba caindo no seu planeta. De lá, um organismo unicelular aparece e você precisa guiá-lo rumo à evolução.

Para isso, a primeira decisão é sobre os hábitos alimentares dele. Com uma boca normal, ele se alimenta de pedaços de outras células, tornando-se carnívoro no futuro. Com uma boca ciliada, própria para filtrar fitoplâncton, seu bicho se torna herbívoro. E com as duas bocas – sim, você pode criar mutações dessa magnitude – sua criação vira onívora, uma habilidade muito útil no mundo selvagem. Conforme seu bicho se alimenta, ele vai ganhando "pontos" de DNA, que podem ser investidos na evolução.

Mandíbulas de ataque, espinhos de defesa e membranas de locomoção acabam deixando seu ser vivo cada vez mais apto a sobreviver.

Adicionar e retirar partes do bicho é facílimo, pois o jogo oferece ferramentas simples de usar. Apenas com o mouse, com alguns cliques, é possível mudar praticamente tudo. Do tamanho da coluna vertebral à dimensão das partes do corpo, tudo é moldável. O jogador que se sentir mais artístico pode pintar o bichinho das cores que quiser. Essa liberdade de criação se aplica também aos prédios e veículos do jogo, que aparecem nos estágios posteriores.

Depois de reinar na água, seu bicho ganha a terra firme. E aí o jogo vai ganhando seus contornos. O desenvolvimento se parece muito com um documentário sobre vida animal, com os hábitos e perigos da vida selvagem.

Ao caçar ou formar alianças com outras espécies, seu animal desenvolve a inteligência e alcança o estágio de ser pensante. Ele descobre o fogo e o uso das ferramentas e se organiza em tribos. Nesse momento, uma das várias piadas entremeadas no game emerge. A cena clássica de 2001: Uma Odisséia no Espaço é recriada, com resultados mais engraçados do que no filme.

A postura de sua tribo, amigável ou agressiva, definirá o tipo de sociedade que será formada. Se você guiar seu povo rumo à amizade e formação de alianças, conseguirá uma sociedade fundamentada na ordem, na liberdade e na economia como ferramenta de crescimento. Uma tribo guerreira gerará uma sociedade belicista, com poucas chances de evitar conflitos por meio da diplomacia.

Uma vez formada sua sociedade, o objetivo é guiá-la rumo à dominação global por meio da força ou unificação pacífica. Nações guerreiras têm acesso a artefatos nucleares devastadores. Nações pacíficas usam o poder do comércio e da religião para convencer outras nações a seguir seu caminho.

O passo final é a conquista do espaço, descobrindo novas civilizações e, se preciso, dominá-las. Uma das piadas do jogo é um conflito com uma nave parecidíssima com a Enterprise, da série Jornada nas Estrelas. Simples, mas impagável.

A grande sacada de Spore é oferecer uma experiência de jogo para cada tipo de jogador. Quem gosta do jeitão de The Sims vai se sentir em casa, pois o mesmo ritmo de jogabilidade pode ser experimentado – e até o estilo de criação de objetos. Jogadores mais hardcore podem transformar o game em um banho de sangue, enquanto os políticos podem exercitar a diplomacia. E o mais importante: tudo acontece de maneira divertida e acessível.

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