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Risco

S&P's afirma que Espanha tem "uma probabilidade nula de default"

A agência de classificação Standard & Poor's considera que existe "uma probabilidade nula de default" por parte da Espanha, assegurou nesta sexta-feira (27) Myriam Fernández de Heredia, diretora de avaliações para a África e Europa.

"Um rating da categoria triplo B, neste caso na parte alta do triplo B, como é o caso da Espanha, é um rating de categoria de investimento, o que significa (...) que a probabilidade é nula de default", afirmou em coletiva por telefone, um dia depois da degradação por esta agência da nota da Espanha em dois graus, a BBB+.

Na véspera, a agência de classificação de risco reduziu a nota da dívida soberana da Espanha em dois níveis, para BBB+, em perspectiva negativa, citando o risco de que o governo precise aumentar sua dívida para apoiar bancos.

"Acreditamos que a trajetória fiscal do Reino da Espanha provavelmente se deteriorará diante de um contexto de contração econômica em contraste com nossas projeções prévias. Ao mesmo tempo, vemos uma probabilidade crescente de que o governo da Espanha precise prover apoio fiscal ao setor bancário", afirmou a S&P.

A Espanha fica assim em uma categoria de emissões de qualidade média, mas que pode fazer frente a suas obrigações de forma adequada.

"Acreditamos que aumentou o risco de ver a dívida líquida do governo federal espanhol crescer ainda mais", assinalou a S&P.

Segundo a agência, a perspectiva negativa associada à nota leva em conta os "riscos importantes" que pesam sobre as finanças e o crescimento econômico da Espanha.

A agência também afirmou que as políticas da zona do euro estão falhando em melhorar a confiança e estabilizar os fluxos de capital, já que a região necessita encontrar caminhos para apoiar diretamente os bancos de forma que os governos não sejam forçados a enfrentar essa carga.

A S&P prevê que a economia espanhola deverá se contrair 1,5% este ano, quando antes esperava um crescimento leve, e previu que a queda da economia continuará em 2013 e ficará em torno de 0,5%.

A agência mencionou que a renda cai na Espanha, as empresas estão cortando rapidamente sua própria dívida no lugar de investir, enquanto o governo desenvolve planos de austeridade destinados a equilibrar seu orçamento.

Esse contexto, segundo a S&P, afetará o crescimento.

A última vez que a S&P havia cortado a dívida da Espanha foi em janeiro, também em dois níveis, para A.

Desde então, o Banco da Espanha, resgatado pelo Banco Central Europeu, tornou-se a principal fonte de ajuda para o governo para financiar seu atual déficit, indicou a S&P.

Mas ao mesmo tempo, segundo a agência, os bancos comerciais espanhóis estão recorrendo cada vez mais a fontes oficiais para obter fundos, por dificuldades para fazer frente a maus empréstimos, especialmente no setor imobiliário.

A S&P vinculou os problemas na Espanha à estratégia geral da Europa contra a crise da dívida soberana, a qual, afirmou, "continua sem efetividade".

As autoridades deveriam compartilhar em maior medida seus recursos e obrigações, e encontrar caminhos para apoiar diretamente os bancos de forma que governos como Madri não sejam forçados a fazê-lo sozinhos.

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