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Standard & Poor’s revisa perspectiva de nota do Brasil de estável para negativa

A S&P destaca os desafios enfrentados pela presidente Dilma Rousseff e sua equipe econômica para angariar apoio para a “correção de rumo na política” e uma “reviravolta na economia” | Ueslei Marcelino/Reuters
A S&P destaca os desafios enfrentados pela presidente Dilma Rousseff e sua equipe econômica para angariar apoio para a “correção de rumo na política” e uma “reviravolta na economia” (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s avalia que os riscos para o rebaixamento da nota de crédito do Brasil aumentaram desde a última revisão do rating, anunciada em 23 de março. A declaração está no relatório em que a S&P revisou a perspectiva do rating BBB- do Brasil de estável para negativa.

“Nós revisamos a perspectiva para negativa porque acreditamos que, apesar das mudanças de política atualmente em curso, que continuamos a acreditar que têm o apoio da presidente, os riscos para sua execução subiram. Em nossa visão, esses riscos derivam das frentes política e econômica”, diz a agência.

Segundo a S&P, as investigações em curso do esquema de corrupção na Petrobras contra pessoas físicas e jurídicas de alto perfil – tanto do setor público quanto privado – levou a um aumento da incerteza política no curto prazo. “Estas investigações independentes são uma prova da estrutura institucional no Brasil, o que contrasta com a de outras economias emergentes”, pondera a agência.

A noticia é uma derrota para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que tentava evitar avaliações negativas das agências de classificação de risco durante a implementação do ajuste fiscal e reconquistar a confiança dos investidores.

Impasse político

A S&P também vê, no curto prazo, uma diminuição da coesão política no Congresso, o que pode causar um risco material para um eventual rebaixamento por causa da possibilidade de gerar “políticas ineficazes”.

A agência lembra ainda que a dinâmica complexa entre o PT e o PMDB, que havia diminuído sob a coordenação política do vice-presidente Michel Temer, reapareceu. “Isso gera a perspectiva de apoio no Congresso um pouco menos consistente para aprovar as medidas necessárias de ajuste fiscal, até mesmo um pouco diluído, em comparação com o que já tínhamos observado e esperado no início deste ano”, afirma.

A S&P destaca ainda os desafios enfrentados pela presidente Dilma Rousseff para angariar apoio para a “correção de rumo na política” e uma “reviravolta na economia”. A agência diz ainda que não trabalha com um cenário base de impeachment de Dilma.

Outras agências

A S&P foi a primeira a conceder o grau de investimento ao país, no final de abril de 2008. Essa avaliação é uma espécie de selo de bom pagador.

Na demais agências de classificação de risco, a nota brasileira ainda está dois degraus acima do nível especulativo, mas também ganhou perspectiva negativa. Na Fitch, a nota brasileira é BBB e a perspectiva foi rebaixada de estável para negativa no mês de abril passado.

“Embora o governo tenha começado um processo de ajuste macroeconômico para impulsionar a confiança e credibilidade política, riscos negativos relacionados à sua efetiva implementação e duração persistem, especialmente no contexto de uma economia e ambiente político desafiadores”, disse.

No último dia 23, a Fitch informou que irá reavaliar as tendências fiscais do Brasil após o governo cortar a meta de superávit primário (a economia feita para pagar juros da dívida) de 1,1% do Produto Interno Bruno (PIB) para 0,15%.

Já a Moody’s rebaixou de estável para negativa a perspectiva da nota brasileira às vésperas da eleição presidencial do ano passado. Neste mês, técnicos da agência estiveram reunidos com o governo avaliando os números da economia.

Segundo especialistas, a expectativa é que a Moody’s rebaixe a nota brasileira em um degrau, de Baa2 para Baa3, ainda considerada grau de investimento. A dúvida do mercado é se a perspectiva será mantida negativa ou mudada para estável.

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