A diretora de Ratings Soberanos na América Latina da Standard & Poor's, Lisa Schineller, sinalizou nesta terça-feira que mudanças nas regras de endividamento dos estados podem acabar prejudicando a chegada do Brasil ao grau de investimento - nota dada a países nos quais as agências de classificação de risco recomendam investir. Ela destacou que o esforço fiscal brasileiro envolve todos os níveis de governo e que o país tem um histórico problemático com os gastos dos estados. A equipe econômica vem negociando com os governadores formas de ampliar os limites de endividamento estaduais para que seja possível fazer mais investimentos.
- Falar, em geral, sobre uma mudança no marco da Lei de Responsabilidade Fiscal e nos acordos com os estados seria problemático - disse ela, depois de participar de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Lisa lembrou que o Brasil tem mais vulnerabilidade do ponto de vista das contas públicas que a maioria das nações com grau de investimento e destacou que o país ainda não tem condições de adotar políticas anticíclicas - como ocorre com o Chile -, que permitem ao governo reduzir seu esforço fiscal em períodos de baixo crescimento.
Ela também afirmou que escândalos políticos, como o esquema desbaratado pela Operação Navalha, da Polícia Federal, não afetam a classificação do Brasil desde que não prejudiquem o compromisso do governo com as políticas monetária e fiscal.
- Se algum caso de corrupção impacta a política monetária, fiscal, tudo isso, pode ter impacto (na classificação do país), mas não diretamente - afirmou a diretora.
Ela afirmou ainda que o Brasil tem 50% de chance de atingir o grau de investimento já no próximo ano. A Standard & Poor's aumentou a nota brasileira na semana passada e o país está agora a um passo do grau de investimento, com perspectiva positiva. Segundo Lisa, historicamente, quando um país tem perspectiva positiva, ele tem uma melhora de nota num período que varia entre seis meses e dois anos, sendo que na maior parte dos casos isso ocorre em um ano e dois ou três meses.