A startup de entregas Loggi recebeu R$ 400 milhões do fundo de investimentos em companhias iniciantes do grupo japonês SoftBank. Ela está no mercado desde 2014 e desenvolveu sistema para chamar entregadores autônomos, principalmente motoboys, a partir de aplicativo para celular.
A Loggi iniciou suas atividades tendo como público principal escritórios que precisavam enviar documentos. Com o tempo, expandiu para mercados mais complexos, como o comércio virtual e o delivery de comida, hoje suas principais fontes de receita.
Segundo o fundador da startup, Fabien Mendez, o número de entregas feitas pela companhia vem crescendo 20% ao mês – a média está em cerca de 3 milhões. Ele diz que isso é possível, mesmo em momento de crise no Brasil, devido ao fato de os setores em que a Loggi atua terem seu avanço mais baseado em mudanças de hábitos e tecnologias do que na expansão da economia como um todo.
O serviço está disponível em 13 capitais brasileiras e em um total de 30 cidades. A meta do fundador da companhia é atingir 95% do território do país até 2020.
O SoftBank é dono do maior fundo de investimento em startups do mundo, com US$ 93 bilhões (cerca de R$ 345 bilhões) captados em 2017. É um dos principais acionistas de companhias como Uber, Alibaba e WeWork.
Essa é a segunda aposta do grupo no Brasil. Ele já investiu na 99, vendida no início do ano para a chinesa Didi Chuxing.
Mendez afirma que, tão importante quanto os recursos, os novos sócios trarão conhecimento sobre as principais tendências e tecnologias do mercado, inclusive o de logística.
“Para nós, é um investidor muito estratégico, com entendimento dos movimentos tectônicos que acontecem no mundo de forma global e que pode nos dar muitos insights”, diz.
Segundo ele, os recursos servirão para ampliar a equipe de engenharia da empresa. Em um ano, o grupo deve ir de 100 para 400 pessoas. No total, a companhia tem 420 funcionários.
A maior quantidade de especialistas permitirá o desenvolvimento da empresa em áreas como inteligência artificial para definir melhores roteiros, tecnologias para celular e automação.
O empresário conta que a companhia vem investindo no uso de robôs para centros de distribuição que passou a espalhar pelo Brasil conforme ganhou espaço no mercado do comércio eletrônico. Atualmente são 8 em São Paulo e 13 em outras cidades.
Companhias clientes da Loggi, como Amazon, Via Varejo, Mercado Livre e Magazine Luiza, podem direcionar suas entregas para esses centros e, dali, a startup faz a triagem dos produtos e define as melhores rotas para que eles cheguem aos clientes.
Isso é feito com tecnologias que analisam o tipo de encomenda e qual seria a melhor forma de acomodá-la em diferentes veículos, ao mesmo tempo que buscam a rota mais eficiente para a entrega, explica Mendez.
“Dessa forma, conseguimos ser rápidos, otimizamos o tempo do motoboy, que passa a ganhar mais dinheiro, e fazemos um preço competitivo para o cliente”, afirma.
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Por dia, 10 mil motoboys usam o serviço. Também são feitas entregas por carros, vans e caminhões a partir do aplicativo e estão sendo firmados acordos com companhias aéreas para uso de espaço ocioso no bagageiro, explica o empresário.
“Nosso plano é conectar o Brasil, para que alguém no interior de São Paulo consiga fazer um produto chegar em um dia no interior do Amazonas.”
Na época de seu lançamento, a Loggi viu surgir uma série de companhias com modelos de negócios semelhantes ao seu. Hoje, sua principal competidora no mercado de startups é a Rapiddo Entregas, do mesmo grupo empresarial do iFood (de delivery de comida) e que foi incorporada por ele neste ano.