Sabe qual empresa é mais lucrativa que a Apple e o Google? A Valve, segundo um recente artigo da revista de negócios Forbes. Provavelmente o caro leitor não esteja ligando o nome à pessoa jurídica. A Valve se projetou ao mundo com Half-Life e Counter-Strike, o título mais jogado em lan-houses em toda a história. Com apenas 250 funcionários, a empresa norte-americana está avaliada em mais de 4 bilhões de dólares. Mas não foram apenas seus jogos que a tornaram um negócio de sucesso. O maior acerto foi ter criado a mais importante loja de distribuição digital de jogos eletrônicos, a Steam. Um produto quase perfeito e que detém 80% do mercado.
Exagero falar em "produto perfeito"? Talvez. De qualquer forma, é muito difícil apontar como a Steam poderia ser melhor, principalmente para mercados periféricos, como o Brasil. Para quem nunca usou (já está na hora de usar!) uma breve descrição: com poucos cliques o consumidor tem acesso à vasta coleção de jogos das mais diversas produtoras, faz a compra, instala um aplicativo no computador e pronto. Em poucos minutos (depende da conexão), tudo estará instalado e configurado. O computador deu problema? Não esquente, é só baixar novamente o aplicativo. Não importa quantas vezes ou em quantas máquinas o consumidor precise instalar. Os jogos ficam eternamente vinculados a um login e podem ser baixados tantas vezes forem necessárias. O que dá uma liberta gigantesca. Pode-se, por exemplo, ter o mesmo jogo instalado no computador do quarto, no notebook, no escritório, na casa da namorada e por aí vai. A Valve entende que o produto é seu e você pode fazer o que bem entender dele. Além disso, o preço é um dos principais atrativos para os brasileiros. Um lançamento, como Portal 2 (também da Valve), pode ser comprador no dia de lançamento, junto com os americanos. E o preço será o mesmo em qualquer lugar do planeta. O último Call of Duty custava menos de R$ 100 na Steam. Quem preferiu comprar nas lojas brasileiras teve que desembolsar mais de R$ 200.
Basicamente, o consumidor pode comprar antes, pagar menos e ter controle total sobre seu jogo. E ainda participa de uma das redes on-line mais consistentes para jogos multiplayer e com mais de 30 milhões de usuários. Mas o melhor são as promoções, realizadas principalmente em feriados prolongados, que trazem preços ridiculamente baixos. Não é difícil achar jogos por menos de R$ 10. Só não gosta quem ganha dinheiro com a pirataria.
Como seria melhor? Se questionado, este colunista sugeriria que se ampliasse ainda mais as plataformas (hoje apenas PC e MAC). Com uma biblioteca de respeito, um console de mesa próprio teria tudo para fazer sucesso e equilibrar ainda mais a disputa no mercado de videogames. A empresa não parece querer ir por este caminho, mas já começa a mostrar suas garras para além dos monitores.
Nesta semana chega ao mercado Portal 2, um jogo que mistura quebra-cabeça e tiro de maneira muito criativa. Só pelo sucesso da primeira versão game, já havia uma grande expectativa. A Valve mesmo assim decidiu oferecer mais. Quem comprar na Steam paga somente R$ 75 e ainda leva o primeiro Portal de brinde.
Os que preferirem jogar no Playstation 3 e Xbox 360 ganharão a versão para PC.
E tem mais. Todos, independentemente da plataforma escolhida, poderão disputar partidas cooperativas pela internet. Algo inédito. Normalmente as redes PSN, Xbox Live e outras não se conversam. Com Portal 2, no entanto, a barreira foi quebrada. Ao invés de criar seu próprio console, a Valve está investindo nas redes já consolidadas para ampliar ainda mais seu mercado.
Num mundo utópico, as empresas de tecnologia entrariam num acordo para promover uma única plataforma aberta e compatível. Os jogos já adquiridos teriam vida eterna. Hoje, os cartuchos são encostados toda vez que um novo videogame nasce.
A Valve sabe que o acordo nunca acontecerá e investe cada vez mais na sua visão de mundo: uma plataforma ubíqua, barata e confiável. A lucratividade, tão bem analisada pela Forbes, é apenas consequência.
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