O consumo de música por download pode estar com os dias contados e a substituição desse modelo pelo de assinatura está acontecendo mais rapidamente no Brasil, mostram dados recém-divulgados pelo setor fonográfico. O streaming passou a representar a maior parte (51%) do faturamento de música digital no país, deixando em segundo plano o proveniente de downloads (de serviços como o iTunes), que passou a representar 30,1% do total, e o de telefonia móvel (ringtones) com os restantes 19%.
O crescimento do modelo, que permite ao assinante acessar e ouvir um catálogo de milhões de faixas, sem deixar que manipule os arquivos, foi de 53,6% por aqui e de 39% no resto do mundo. “Temos um crescimento que é até difícil de ser analisado porque é exponencial”, diz o diretor de negócios do Napster na América Latina, Roger Machado.
“O uso crescente de smartphones cria condições mais do que favoráveis para que o setor continue crescendo significativamente”, afirmou Paulo Rosa, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD).
Outra novidade que traz o anúncio feito na última semana pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês) é que o faturamento digital se igualou ao proveniente de CDs, DVDs musicais e vinis pela primeira vez.
No Brasil, segundo a ABPD, os formatos eletrônicos estão quase lá: são 37,5% do total, ante 40,6% dos físicos. “Em um futuro não distante, os discos virarão memorabilia e há de se considerar a quase presente inexistência de vendas [por download] de música digital”, diz Dauton Janota, diretor do serviço de música por assinatura Pleimo.
“Uma evidência disso é que a Apple comprou a Beats Music”, diz, sobre a aquisição da empresa de streaming, no começo do ano passado, pela companhia pioneira do download como negócio.
Também no início de 2014 o serviço Spotify, líder mundial, foi lançado por aqui, anos depois de Deezer e Rdio, seus maiores rivais, e alguns meses antes do Google Play Music All Access.
Cruzada
Apesar da grande concorrência no segmento, o adversário das empresas é o desconhecimento, segundo Machado, do Napster. “Estamos longe de brigar pelo cliente. O que vivemos é quase uma cruzada de evangelização para explicar o que é o streaming.”
O método, conhecido como “download progressivo”, permite ouvir a faixa sem esperar o fim da transferência, e remunera artistas conforme o número de execuções.
Foi adotado pelo Napster para o renascimento da marca, conhecida no começo dos anos 2000 por brigas judiciais com artistas, como num famoso caso contra o Metallica.
À época, o software usava o sistema P2P (de máquina a máquina) para compartilhamento de arquivos, principalmente de música, e permitia troca de conteúdo pirateado.
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