O hábito de assistir a vídeos pela internet, seja na tela do celular ou em computadores, já se disseminou entre os brasileiros, em um processo que tem motivado o surgimento de novos players e uma mudança na estratégia das empresas tradicionais de TV. Pesquisa conduzida pela comScore a pedido da empresa de comunicação e marketing Internet Media Services (IMS) mostra que, entre os brasileiros com acesso à internet, 82% acessam conteúdo audiovisual por meio de serviços como Netflix e YouTube – porcentual que fica acima da TV aberta, cuja programação é acompanhada por 73% dos entrevistados.
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O levantamento mostra ainda que os usuários brasileiros que navegam pela rede passam 13,6 horas por semana, em média, assistindo a vídeos pela internet, enquanto o tempo em frente à TV tradicional é de 5,5 horas. Não à toa, o mesmo estudo aponta que o Brasil tem hoje o maior mercado para vídeos digitais entre os seis países da América Latina pesquisados, com uma audiência de 58 milhões de pessoas.
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A mudança no hábito de consumo é explicada, em parte, pela maior presença da internet nos lares brasileiros. Em setembro, o país contava com 25,4 milhões de acessos de banda larga fixa, com o serviço chegando a 38% dos domicílios, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Enquanto o número de usuários da internet banda larga aumentou 7% em comparação com setembro do ano passado, o total de assinantes de TV por assinatura manteve-se estagnado em 19,4 milhões na comparação entre os dois anos – a tendência vista nos últimos meses, de julho a setembro, é de queda.
“Além de estarem mais tempo vendo vídeos pela internet, as pessoas estão assistindo ao mesmo tipo de conteúdo disponibilizado na televisão, como filmes e séries. A possibilidade dos usuários consumirem o conteúdo que quiserem e na hora que quiserem é que tem feito com que esses novos serviços se disseminem”, afirma o vice-presidente da IMS para América Latina, Enor Paiano.
Oportunidade
Atentos a esse potencial de mercado, novos serviços têm buscado um lugar ao sol, mesmo com a Netflix monopolizando as atenções no país. A plataforma brasileira de streaming Looke entrou no ar em março e tem hoje 12 mil títulos no catálogo, que podem ser alugados e comprados individualmente ou acessados por meio de uma assinatura mensal. O serviço, que adquiriu a marca Netmovies mês passado, não divulga o faturamento ou número de usuários ativos, mas afirma ter 700 mil pessoas cadastradas.
“Não nos vemos como um concorrente da Netflix, até porque temos conteúdos bem diferentes. Somos um serviço complementar e queremos dar espaço para um conteúdo que hoje não é acessível para as pessoas, como produções regionais”, diz o diretor de negócios do Looke, Luiz Guimarães.