
Os games musicais podem mesmo dar um nó na cabeça dos desavisados. Quem foi que disse que é preciso tocar guitarra para ser um astro do rock? Para os amantes do Guitar Hero, por exemplo, saber dedilhar as cordas e tirar os acordes da guitarra não é sequer necessário. Talvez esse seja o ingrediente que fez o jogo e sua guitarrinha virarem febre no mundo inteiro. "É muito legal achar que toco guitarra, isso deixa meu ego satisfeito. É como tocar para uma platéia de verdade", confessa o analista de sistemas Guilherme Jonatta Baron, apaixonado pelo game.
O jogo, lançado em 2005 na plataforma Playstation 2, fez tanto sucesso que está entre os games mais vendidos e que mais faturam nos EUA. Com público garantido, outras versões do jogo ganharam as prateleiras das lojas especializadas, como o Guitar Hero III Legends of Rock e o Guitar Hero Encore: Rocks the 80s, para os roqueiros que gostam de reviver essa década. Até bandas famosas se renderam ao que promete ser uma nova fonte de renda para as gravadoras: o download (pago) de músicas para games. O Aerosmith já lançou uma edição especial do Guitar Hero com músicas da banda e de artistas amigos. Outra banda que acompanha a tendência é o Metallica, que promete lançar em 2009 seu novo CD e, simultaneamente, disponibilizar para download as músicas, que poderão ser tocadas em pelo menos duas versões do Guitar Hero.
Há quem ache que o jogo é um dos responsáveis pela renovação do sucesso de bandas dos anos 80 que ainda não eram conhecidas pelos adolescentes. O set list das diferentes versões inclui grupos como Dead Kennedys, The Who, Stooges e Spinal Tap, que estavam fora do cardápio musical da turminha do século 21.
Mas isso não é nada comparado a revolução que o game causa na vida de quem se apaixona pelo jogo. "Eu estava nos Estados Unidos a trabalho quando conheci o jogo. Vi na loja, experimentei a guitarrinha e pensei: eu preciso desse jogo!", conta Guilherme Naron. "Foi amor a primeira vista: comprei, levei para o hotel e passei três meses jogando." Depois que voltou ao Brasil, o jogo virou diversão para toda família. Os filhos Luis, de 4 anos, Gabriela, de 10, e Luciano, de16, acompanham o pai e também dão seus shows virtuais.
Até um cunhado, que mora em Maringá, foi contaminado. "Fui visitá-lo e levei a guitarrinha. Jogamos numa sexta-feira e ele se apaixonou. No fim de semana saímos para comprar o jogo para ele", conta, feliz da vida.
É difícil entender as causas de tanta paixão pelo game, mas a interatividade com a platéia pode ser um fator determinante. Isso porque se o jogador não for bem sucedido o público começa a vaiar e o usuário corre até o risco de levar broncas dos outros integrantes da banda. "O game é muito interativo e provoca o interesse de pessoas de todas as idades", conta o vendedor de games Rellians Pierre. "É, com certeza, um dos jogos mais procurados. Nunca tenho em quantidade suficiente."
Para quem não quer perder a diversão, mas não está meio sem grana para todo o box do Guitar Hero existem jogos similares que podem ser baixados da net, como o Frets On Fire. Nesse jogo, o teclado substitui a guitarrinha. Existem também jogos que incluem outros instrumentos. O Rock Band, por exemplo, traz guitarra, bateria e microfone para o vocal.



