Curitiba Um projeto que poderá aumentar em R$ 500 mensais a renda de pequenos produtores de suínos do Paraná e inseri-los no mercado mundial de créditos de carbono está sendo desenvolvido pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. O projeto-piloto, envolvendo 30 pequenos criadores de porcos (produções com até 300 animais), avalia a produção de gás metano através da decomposição dos dejetos de porcos e propõe a criação de uma rede coletiva de captação e tratamento de dejetos suínos. Após o tratamento do material decomposto é realizada a queima do gás metano. A queima do gás reduz a emissão de gás carbônico na atmosfera e poderá ser comercializada no mercado de créditos de carbono.
De acordo com o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida, a idéia é inserir o Paraná no mercado de seqüestro de carbono e ainda estimular o crescimento da suinocultura. Este processo deverá contribuir ainda para redução do lançamento de dejetos nos rios, melhorando consideravelmente a qualidade da água e o meio ambiente. "Os dejetos que antes seriam descartados na água dos rios são tratados, produzindo gás metano que pode ser comercializado no mercado de carbono", explicou Cheida.
O Protocolo de Kyoto estabelece aos países desenvolvidos metas de redução para emissão de gases que geram o efeito estufa, entre eles o metano. Assim, por meio do mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), países em desenvolvimento como o Brasil poderão negociar Reduções Certificadas de Emissões (RCE).
Empresas de países que, conforme o Protocolo de Kyoto, precisarem compensar a emissão de poluentes poderão adquirir os créditos através de um endereço eletrônico que deverá monitorar em tempo real a quantidade de gás emitida. O dinheiro arrecadado com a venda será repassado aos criadores por meio de uma associação.
De acordo com o coordenador técnico do projeto, Ricardo Germano Ihleenfeld, os quase 11 mil animais dos 30 criadores produzem cerca 42 mil metros cúbicos de dejetos por ano que, após passar pelo processo de decomposição, geram 2,5 mil toneladas de gás metano. "A estimativa da Secretaria do Meio Ambiente é de que o volume de dejetos produzidos anualmente pode render mais de 52 mil metros cúbicos em créditos de carbono", disse Ricardo.
Cada tonelada é vendida a aproximadamente US$ 4 no mercado e pode gerar receita anual de mais de R$ 210 mil. A renda deverá ser dividida entre os produtores.
Cerca de 30 produtores da região de Toledo estão recebendo incentivos para garantir o licenciamento ambiental das propriedades suinícolas. Além disso, um manual técnico foi desenvolvido para orientar os produtores no manejo, readequação ou relocação das pocilgas. O material vem sendo utilizado como modelo por diversos estados.
O projeto prevê também a implantação de processos de tratamento sanitário para um manejo ambientalmente adequado dos dejetos e resíduos dos porcos, visando sua valorização para uso agrícola, explica a coordenadora estadual do programa, Sandra Queiroz.