Personagem
O início é mais por oportunidade que necessidade
A empresária Rose Bezecry, dona da Cativa Natureza, criou a primeira empresa no país a vender cosméticos orgânicos com certificação. Socióloga de formação, ela identificou a oportunidade por não encontrar outras empresas que vendessem produtos sem componentes químicos, a não ser para exportação. Hoje a Cativa Natureza, com loja inaugurada no Mercado Municipal de Orgânicos de Curitiba em 2009, tem 68 produtos próprios e irá abrir sua décima franquia a empresa já atua em cinco estados e no Distrito Federal. "Na época havia apenas três empresas que atuavam com cosméticos orgânicos, nenhuma para o mercado nacional", conta.
Assim como Rose, outros sete em cada dez empreendedores brasileiros começam seus negócios por oportunidade, como mostra a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2012 (GEM), destacando que os empreendedores do país estão se preparando mais para ter seu negócio, o que reflete diretamente na qualidade da empresa, analisa Allan Marcelo de Campos Costa, diretor-superintendente do Sebrae-PR.
"O fato de as empresas estarem sendo abertas por oportunidade mostra que um círculo virtuoso está se estabelecendo: ao observar uma oportunidade, o empreendedor se prepara mais e menos as empresas morrem prematuramente. A escolaridade cada vez maior justifica isso. Empreender tem se tornado uma escolha", ressalta Costa.
As mulheres sulistas são as mais empreendedoras do país e a Região Sul, a segunda localidade em que mais as pessoas buscam empreender, atrás apenas dos estados do Norte do Brasil. O recorte regional e inédito consta na pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2012 (GEM), realizada pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), divulgada ontem.
A pesquisa mostra que as novas empresas de todo o país são comandadas na mesma proporção por homens e mulheres brasileiros. No Sul, entretanto, a maior parte dos novos empreendimentos são comandados por elas: cerca de 52%.
Razões
O aquecimento do mercado de trabalho e a maior participação feminina nos postos de emprego explicam essa alta. Além disso, as mudanças na legislação nos últimos dez anos facilitou a chegada de novos empreendimentos, como a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, o Supersimples, que reduz em média 40% da carga tributária dos pequenos negócios, e a criação da figura do microempreendedor individual, que permite a formalização de negócios que faturam até R$ 60 mil por ano.
A melhora no grau de escolaridade dos brasileiros é outro aspecto a se destacar. Em todo o país, mais de 60% dos novos empreendimentos foram abertos por empresários com pelo menos o Ensino Médio completo no Sul, a média de empreendedores com nível superior completo é maior que a nacional (13,1% antes 11,5%) e a taxa de novos empreendedores com pós-graduação é a maior do Brasil (veja mais no gráfico).
O diretor-presidente do IBQP, Sandro Nelson Vieira, chama a atenção para os dados educacionais. Para ele, quanto maior a escolaridade do empreendedor, maior a tendência do empreendimento trazer inovação e mais valor agregado. "Isso mostra que o Brasil segue na tendência internacional que mostra quanto mais investimento público em educação, maior o retorno em empreendedorismo", salienta.
Sonhos
Outra novidade da pesquisa é o levantamento sobre os sonhos dos brasileiros. Enquanto 24% querem fazer carreira em uma empresa, 43,5% dos brasileiros desejam empreender. "O brasileiro adotou a alternativa de ter um negócio próprio frente a opção de fazer carreira em uma empresa. Isso por si só é uma mudança tremenda. Hoje o jovem sai da faculdade querendo empreender e preparado para isso", salienta Allan Marcelo de Campos Costa, diretor-superintendente do Sebrae-PR.
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