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O morador do Sul é o menos endividado e o que menos atrasa suas contas. Metade da população dos três estados região diz que não possui dívidas e 15% afirmam que estão com o nome sujo na praça, aponta pesquisa realizada pela Boa Vista, administradora do SCPC, divulgada ontem.

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Em compensação, o calote é maior nos estados do Norte (26%) e no Centro-Oeste (23%). O Nordeste é a região com maior número de endividados (65%). O levantamento, denominado "Mercados - Endividamento e Inadimplência, Mitos e Verdades" ouviu 1,3 mil pessoas em todo o país e traçou, pela primeira vez um perfil do tomador de crédito no Brasil.

Nos últimos cinco anos, 35 milhões de brasileiros passaram a ter acesso ao crédito, o que deu impulso para que o volume de empréstimos atingisse 51% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 – o dobro dos 24% registrados em 2003. A estabilidade monetária, a queda nos juros, a ampliação dos prazos e a alta do emprego contribuíram para que uma parcela da população passasse a tomar crédito no mercado. "Mas o Brasil ainda é bastante diverso quando se fala de comportamento de crédito e consumo. O que ajuda a explicar porque os indicadores são diferentes conforme a região", afirma o presidente da Boa Vista, Dorival Dourado.

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No Sul, ao contrário do Norte e do Nordeste, há uma parcela maior da população nas classes A e B, que tradicionalmente apresentam um comprometimento de renda menor com dívidas e atrasam menos seus pagamentos. O contato com o crédito também ocorre há mais tempo, ao contrário das demais regiões, onde ainda há uma parte significativa da população que só agora está aprendendo a lidar com esse mercado. Apesar disso, o Sul é a região com maior número de pessoas (30%) que dizem que comprometem mais de 50% da renda com dívidas.

Segundo Fernando Cosenza, diretor de sustentabilidade da Boa Vista, o mercado de crédito viveu profundas mudanças nos últimos dez anos e é necessário revisar algumas ideias pré-concebidas sobre o comportamento do consumidor. "A pesquisa revela, por exemplo, que a ideia de que o consumidor de baixa renda é bom pagador, por exemplo, é um mito. O levantamento mostra que a população de menor poder aquisitivo é a que tem mais dificuldade para pagar suas contas e onde há maior inadimplência", diz. Os dados nacionais da pesquisa mostram que 21% da população das classes D e E dizem que estão com o nome sujo na praça. Na classe C, esse porcentual sobe para 23% e cai para 13% e 5% nas classes B e A, respectivamente.

Causas

A pesquisa identificou ainda que a população de baixa renda tem dificuldade para fazer planejamento financeiro e para poupar. O levantamento também comprovou que o consumidor está mais interessado se a parcela cabe no bolso do que em quanto vai pagar nos juros. "As famílias em geral não têm boa educação financeira", diz Cosenza, ao citar que o descontrole dos gastos já quase empata com desemprego como as principais causas dos atrasos nas contas. Mas enquanto o desemprego é a principal causa dos atrasos entre os mais pobres, entre os mais ricos a inadimplência é provocada em geral pelo descontrole nas contas.

"Apesar do pleno emprego, há um turn over maior nas atividades de menor especialização e a realocação no mercado é mais demorada", diz o presidente da Boa Vista, Dorival Dourado. Segundo ele, o crédito registrou uma revolução positiva na última década, mas a inadimplência cresceu junto com o aumento do número de pessoas com acesso ao crédito. "Todos os protagonistas devem trabalhar para que esse crescimento seja sustentável. Não basta só dar crédito", diz.

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