Rio de Janeiro Assim que foi lançado, no mês passado, o PlayStation 3 (PS3) gerou filas quilométricas em Nova Iorque e Tóquio, numa busca desenfreada promovida pelos apaixonados pelo novo console da japonesa Sony. Pouca gente sabe, no entanto, que por trás de toda a diversão proporcionada pelo PS3, há um cérebro poderoso que, hoje, já é tratado como a última ponta da supercomputação doméstica e um rival para a indústria tradicional de chips. Dentro do corpo do PS3 bate um coração chamado Chip Cell, o último grito em tecnologia de processamento desenvolvido pela IBM em parceria com a própria Sony e sua conterrânea Toshiba.
Até pouco tempo, quando se falava em supercomputação, citavam-se obrigatoriamente os grandes servidores, monstrengos como o Blue Gene, da IBM, que tem 65.536 processadores e é, segundo cálculos da empresa, 100 mil vezes mais rápido que um micro comum ele atinge velocidades de até 280,6 teraflops (o equivalente a 280,6 trilhões de operações numéricas por segundo) e é considerado o computador mais veloz do mundo.
Agora, já se começa a delinear nos laboratórios não só da IBM como da Intel e AMD (leia abaixo) o futuro da supercomputação doméstica. A idéia é intensificar os projetos para que, num futuro não muito distante, a velocidade de um Blue Gene possa chegar aos desktops dos meros mortais.
Desktops
O advento do Chip Cell é o primeiro passo desta (r)evolução, é o que afirma Fabio Gandour, gerente de novas tecnologias da IBM. Gandour tem a função de fazer a transposição de tecnologias de laboratório para o universo comercial. Depois de passar anos estudando e defendendo a grid computing com processamento de dados distribuído em rede , Gandour mergulhou no projeto Blue Gene e, agora, faz parte do time dos defensores do Chip Cell. "Vislumbro o dia em que o Chip Cell sairá do servidor e aterrissará num desktop. Hoje, ele já está em consoles de games. Para o mercado, o momento é do Chip Cell", diz Gandour.
E como funciona esta tão revolucionária tecnologia? Trata-se de um processador com múltiplos núcleos que, juntos, podem alcançar velocidades de até 4 gigaherts (GHz). O sistema que usa Cell é mais veloz, portanto, que todos os chips convencionais disponíveis no mercado de microcomputação.
Estará a IBM, assim, pensando em bater de frente com Intel e AMD? Por enquanto, a empresa diz que estuda a aplicação comercial da tecnologia e onde ela será melhor aproveitada. A Sony, por exemplo, anunciou que usará o Cell em TVs com acesso à internet.