O superávit da balança comercial deve atingir US$ 7,2 bilhões em 2014, conforme projeção divulgada hoje pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). O resultado é bem superior que o saldo de apenas US$ 704 milhões que a entidade projeta para este ano. De acordo com José Augusto de Castro, presidente da AEB, o desempenho da balança vai melhorar por conta do aumento de 49,6% nas exportações de petróleo no ano que vem, provocado pela normalização da produção da Petrobras. Este ano, uma série de paradas de manutenção das plataformas da estatal comprometeu sua produção e exportação de petróleo. O aumento nas vendas de petróleo vai contrabalançar a queda nos preços das demais commodities, como soja e minério de ferro.
Castro projeta uma leve queda de 0,4% nas exportações no ano que vem, para US$ 239 milhões. "O real desvalorizado eleva a competitividade dos exportadores de manufaturados, mas o efeito não deve ser imediato", diz.
Ele explica que as empresas demoram para retomar os mercados internacionais e que as vendas para Argentina e Venezuela, importantes clientes dos manufaturados brasileiros, estão sofrendo restrições.Pelas contas da AEB, as importações brasileiras vão cair 3,1% em 2014, para US$ 231,8 bilhões. O fraco desempenho é consequência da economia mais fraca, que reduz as compras de matérias-primas no exterior pela indústria.
Outro fator importante é a redução das importações de petróleo e derivados em relação ao inflado resultado de 2013. Neste ano, o governo foi obrigado a contabilizar US$ 4,6 bilhões em importações realizadas pela Petrobras em 2012, que ainda não haviam sido computadas.
Plataformas
Se confirmado, o saldo de US$ 704 milhões previsto pela AEB para 2013 será o pior já registrado desde 2000, último ano em que a balança comercial brasileira teve déficit. No acumulado do ano até a segunda semana de dezembro, o superávit está em apenas US$ 15 milhões.
O resultado só não é pior por conta das exportações "contábeis" de plataformas de petróleo realizadas pela Petrobras. Para aproveitar benefícios fiscais, a estatal exporta "no papel" as plataformas para suas filiais no exterior, mas o equipamento não sai do país. A operação é permitida pelas regras tributárias brasileiras.
Até agora, foram registradas oito plataformas na balança comercial, totalizando US$ 6,58 bilhões a mais em exportações. No ano passado, foram apenas duas plataformas, somando US$ 1,457 bilhão. O recorde anterior era de 2008, com duas plataformas e US$ 1,485 bilhão.
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