Terminal da Vale no Maranhão: minério de ferro é o produto mais exportado pelo Brasil. Neste ano, as vendas da commodity aumentaram 70% sobre 2010| Foto: Divulgação

ANÁLISE

Saldo tende a perder ritmo

O saldo comercial brasileiro deve arrefecer nos próximos meses, influenciado pela expectativa de crescimento menor da economia mundial, segundo o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria. Ainda assim, ele acredita que a balança comercial encerrará o ano com superávit em torno de US$ 28 bilhões, acima do total de US$ 20,3 bilhões de 2010.

Para justificar a estimativa de desaceleração do saldo comercial entre outubro e dezembro, o economista observa que os preços dos produtos da pauta de exportação ainda continuam em nível bom, mas começaram a cair nos últimos dias em decorrência das incertezas externas. "E isso indica que não serão tão bons como foram até agora", afirmou.

Ao contrário do que ocorre com as exportações, Campos Neto avalia que os preços do conjunto das importações, embora venham se recuperando, ainda estão debilitados. Segundo ele, a estimativa de expansão menor do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que tende a diminuir a demanda interna, e a depreciação cambial poderão restringir as compras externas nos meses seguintes. Outros fatores que poderão estreitar as importações, conforme o economista, serão questões pontuais como o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre carros importados, na segunda quinzena de setembro.

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O superávit da balança comercial brasileira atingiu US$ 23,03 bilhões de janeiro a setembro deste ano, superando todo o saldo fechado em 2010, de US$ 20,2 bilhões. O resultado até setembro é o maior dos últimos quatro anos e representa um aumento de 81,4% em relação aos nove primeiros meses de 2010. Somente no mês passado, o superávit comercial foi de US$ 3,07 bilhões, o maior desde 2007 e 185,2% acima de setembro de 2010.Crise

Apesar do cenário de crise financeira, as exportações e importações brasileiras registram recordes históricos este ano. As vendas externas somaram US$ 190 bilhões de janeiro a setembro, crescimento de 30,4%, pela média diária, em relação ao mesmo período de 2010. As importações acumulam US$ 166,96 bilhões, com alta de 25,6% no ano.

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Em setembro, os valores foram os melhores para o mês. As vendas externas totalizaram US$ 23,28 bilhões, significando um crescimento de 23,6% em relação a setembro de 2010. As importações somaram US$ 20,21 bilhões; um aumento de 13,8% no mesmo período de comparação.

Câmbio

A secretária de Comércio Ex­­terior, Tatiana Prazeres, afirmou que a desvalorização do real, ocorrida no mês passado, ainda não teve impacto na balança comercial brasileira. "O câmbio se faz sentir depois de um período de pelo menos três meses. Há uma defasagem no tempo", explicou. Ela acredita que o efeito do câmbio será observado de maneira mais acentuada a partir do próximo ano.