Brasília – Com o impulso proporcionado pelo superávit recorde da balança comercial, o Brasil teve em julho o maior saldo nas suas transações com o exterior da série estatística divulgada pelo Banco Central (BC), iniciada em 1947. No mês passado, segundo o BC, houve um saldo positivo de US$ 3,04 bilhões na conta corrente do balanço de pagamentos.

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A conta corrente registra todas as operações de comércio, serviços e transferência de renda do Brasil com o exterior. Em julho de 2005, o superávit havia sido de US$ 2,566 bilhões. Em junho passado, de US$ 614 milhões.

"Esse resultado alto de julho era esperado por conta do comportamento da balança comercial", afirmou o economista Sérgio Vale, da MB Associados. Em julho, a balança comercial registrou superávit de US$ 5,64 bilhões. "Mas esse resultado recorde na conta corrente não é uma tendência. Nos próximos meses, o superávit deve se acomodar em um nível menor." De fato, o BC já projeta que em agosto o saldo vai ficar em US$ 1,5 bilhão.

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De janeiro a julho, de acordo com o BC, o saldo na conta corrente ficou em US$ 6,13 bilhões, ante US$ 7,82 bilhões nos sete primeiros meses de 2005. No período de 12 meses encerrado em julho, o saldo positivo foi de US$ 12,5 bilhões, o correspondente a 1,45% do Produto Interno Bruto (PIB).

O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, apontou ainda outras duas causas do superávit recorde: o movimento mais fraco de remessas de lucros e dividendos para o exterior e a queda no pagamento de juros da dívida externa em relação aos meses anteriores.

Os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) na economia brasileira, em julho, somaram US$ 1,58 bilhão, ficando dentro da projeção do mercado e do próprio BC. Em julho do ano passado, o saldo foi de US$ 2,03 bilhões. Nos sete primeiros meses do ano, o fluxo foi de US$ 8,97 bilhões, ante US$ 10,54 bilhões no mesmo período de 2005. O BC manteve sua projeção de que o volume de IED vai fechar o ano em US$ 18 bilhões.

Para Sérgio Vale, a projeção é muito otimista. O economista estima que o total de investimentos ficará este ano em cerca de US$ 14 bilhões. "Com o real valorizado e o fraco dinamismo da economia interna, diminui o interesse do estrangeiro por investir no Brasil", afirmou.