Superávit fiscal é recorde, mas gasto com juro sobe

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O setor público brasileiro registrou, em maio, um superávit primário recorde para o mês. Os gastos com juros, contudo, também subiram, alavancados em parte pela valorização do real frente ao dólar, e o país voltou a ter déficit nominal.

Dados do Banco Central, divulgados nesta quarta-feira, mostraram que o superávit primário foi de 9,295 bilhões de reais no mês passado, o maior para o período do ano desde o início da série do BC, em 1991.

Os superávits fiscais dos Estados e das estatais federais também foram recordes - de 2,965 bilhões de reais e 1 bilhão de reais respectivamente -, mas o resultado dos municípios foi o pior para maio da série -déficit de 116 milhões de reais-, o que o BC atribuiu às eleições do próximo ano.

"Os municípios começaram a gastar mais. Você começa a ver uma antecipação porque tem eleições no ano que vem", afirmou a jornalistas o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

Os gastos com juros somaram 16,747 bilhões de reais em maio, o mais elevado para o mês desde 1994. Segundo Lopes, o volume foi afetado pela apreciação cambial de 5,16 por cento no mês, uma vez que o país tem mais ativos do que dívidas em câmbio.

Apenas os contratos de swap reverso fizeram com que fossem incorporados à divida 2,1 bilhões de reais em juros, informou o BC.

O déficit nominal, de 7,452 bilhões de reais, foi o maior desde maio de 2003, quando ele chegou a 9,773 bilhões de reais. Em abril, o país tinha registrado um superávit nominal de 11,173 bilhões de dólares.

A piora do resultado fiscal levou a um aumento da relação dívida líquida/Produto Interno Bruto -de 44,2 por cento, em abril, para 44,7 por cento.

"Abril é um ponto fora da curva por causa da arrecadação muito forte", afirmou Lopes, acrescentando, porém, que a tendência da dívida ainda é de queda. Em março, a relação estava em 44,8 por cento.

Governo central

O governo central, que compreende o Tesouro, o Banco Central e a Previdência, registrou um superávit de 5,345 bilhões de reais segundo os cálculos do BC, que levanta o dado com base na variação da dívida.

Segundo os cálculos do próprio Tesouro, feito por uma metodologia diferente, que computa receitas e despesas, o superávit foi de 4,822 bilhões de reais.

Para o novo secretário do Tesouro, Arno Augustin, o resultado está "em linha com as metas".

Os gastos com o chamado Projeto Piloto de Investimentos, que reúne obras consideradas prioritárias pelo governo e que integram o Programa de Aceleração do Crescimento, somaram 295,2 milhões de reais em maio, frente a 190,4 milhões de reais em abril.