Brasília - As contas do setor público (governo federal, estados, municípios e empresas estatais) apresentaram em agosto um superávit primário de R$ 4,561 bilhões, conforme dados divulgados pelo Banco Central. O superávit primário é a economia feita pelo governo para o pagamento de juros da dívida pública. O resultado é o pior para o mês desde 2003 além disso, o pagamento de juros (R$ 21,663 bilhões) e o déficit nominal (R$ 17,101 bilhões) também são os maiores para um mês de agosto desde o início da série histórica, em 2001.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, considerou "normal" a queda do superávit primário em agosto em relação aos meses anteriores. Em entrevista para apresentar os dados do mês passado, ele disse que junho e julho foram "meses muito expressivos". "É normal que tenhamos essas oscilações ao longo dos meses. O importante é considerar o conjunto todo da obra até aqui, a soma dos resultados", disse.
Para Túlio Maciel, a observação do comportamento das contas públicas ao longo dos últimos meses mostra "um cenário favorável para o cumprimento da meta integral neste ano". Em 2011 até agosto, o setor público consolidado cumpriu 75,4% da meta de R$ 127,9 bilhões para o ano. "Se fosse a meta anterior, estaríamos acima de 80%", lembrou. Um dos argumentos de Maciel para o cumprimento da meta é de que o governo precisa de um "desempenho interanual" abaixo do que vinha sendo observado ao longo do ano.
Arrecadação
No acumulado de janeiro a agosto, o resultado primário de R$ 96,540 bilhões é o segundo maior da série histórica, atrás apenas do observado em igual período de 2008, quando o primário ficou em R$ 100,777 bilhões. Segundo Maciel, uma das explicações para o bom resultado no período é o bom desempenho da economia brasileira, que melhora a arrecadação de impostos. Atualmente, a arrecadação federal tem crescido com taxas próximas a 20% em relação a 2010. "Há crescimento da economia, do mercado de trabalho com a formalização dos trabalhadores. Isso ajuda no aumento da arrecadação, o que favorece o resultado primário", disse.
Túlio Maciel também falou que o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB foi diretamente influenciado pela variação cambial. "Tendo em vista que, em termos líquidos, somos credores em moeda estrangeira, a oscilação cambial favorece a relação dívida e PIB". Em agosto, o indicador da dívida líquida ficou em 39,2% do PIB a previsão do BC, porém, era de 38,9%.