Brasília (AE) – O setor público economizou R$ 86,50 bilhões este ano, um recorde para o período de nove meses, segundo a série do Banco Central que começou em 1991. Esse valor corresponde a 6,10% do Produto Interno Bruto (PIB), um valor muito maior do que os 4,25% do PIB fixados como meta ou os 5% que a área econômica gostaria de alcançar. Em setembro, o governo já cumpriu a meta fixada para todo o ano, que é R$ 82,75 bilhões. O arrocho, porém, não foi suficiente para cobrir os gastos com pagamento de juros da dívida pública, que também bateram recorde. Eles atingiram R$ 14,46 bilhões em setembro e somam R$ 120,14 bilhões no ano.

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Apenas em setembro, a economia do setor público foi de R$ 7,57 bilhões, valor também recorde para o mês. Esse resultado foi totalmente utilizado para pagar os juros e ainda faltaram R$ 6,89 bilhões.

Segundo dados do Banco Central, apenas em 1999 e em 2001 o setor público conseguiu superar a meta de economia (superávit primário) do ano já em setembro, mas nunca com uma folga tão grande. Esse excesso, porém, será parcialmente consumido em novembro e dezembro, quando as despesas do setor público crescem em razão do décimo terceiro dos funcionários e dos aposentados, além do acúmulo de pagamentos a fornecedores e prestadores de serviço que normalmente ocorre nesta época do ano. "O resultado de setembro abre uma margem razoável, de R$ 3,75 bilhões, o que nos permite acumular déficits mensais de R$ 1,2 bilhão no último trimestre", afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC (Depec), Altamir Lopes. "Isso é uma poupança saudável que se faz para o cumprimento da meta", completou.

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Ele alertou que o governo continuará gastando com "parcimônia e de olho nos resultados". "Gastar à vontade não é um termo que se usa num governo que trata com seriedade as contas fiscais", disse. O resultado primário em 12 meses até setembro, de R$ 97,843 bilhões, segundo Altamir, também foi o melhor da série para o período.

O resultado primário não considera os gastos com juros. Se essa despesa entrar no cálculo, o resultado, chamado nominal, passa a ser negativo. No acumulado do ano, o déficit soma R$ 33,64 bilhões, o que corresponde a 2,37% do PIB. Em 12 meses, encerrados em setembro, o resultado nominal atingiu R$ 55,27 bilhões (2,91% do PIB), o pior dado desde junho de 2004. Ao longo de todo o ano passado, o déficit nominal do setor público ficou em R$ 47,144 bilhões, ou seja, 2,67% do PIB.

As despesas com juros no acumulado dos últimos 12 meses também tiveram o pior resultado desde novembro de 2003, ao atingirem R$ 153,12 bilhões em setembro, ou 8,07% do PIB. Nos nove primeiros meses de 2005, os gastos com juros corresponderam a 8,47% do PIB, enquanto no mesmo período de 2004 estavam em R$ 95,28 bilhões,ou 7,40% do PIB. Em todo o ano passado, o pagamento de juros ficaram em R$ 128,25 bilhões, equivalentes a 7,26% do PIB.