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Ciência

Supercomputação ao alcance das massas

Cientistas americanos analisam características químicas do solo com auxílio de um supercomputador: auxílio poderoso para diversas áreas de pesquisa | Fotos: Argonne National Laboratory
Cientistas americanos analisam características químicas do solo com auxílio de um supercomputador: auxílio poderoso para diversas áreas de pesquisa (Foto: Fotos: Argonne National Laboratory)
Simulação gráfica da explosão de uma estrela, feita em supercomputador |

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Simulação gráfica da explosão de uma estrela, feita em supercomputador

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Em todo o mundo, os supercom­­putadores são tidos há décadas como propriedade exclusiva de universidades e governos. Entre­tanto, o que aconteceria se cidadãos comuns conseguissem co­­locar as mãos numa dessas su­­per­­máquinas?

Eles já estão fazendo isso. O preço dos supercomputadores vem caindo vertiginosamente e, em parte, isso ocorre devido à pos­­sibilidade atual de montá-los com peças de PCs comuns – até processadores usados em videogames têm sudo usados para mon­­tagem de máquinas hipervelozes. Qualquer organização com alguns milhares de dólares pode atualmente montar ou com­­prar um supercomputador. Ao mesmo tempo, grupos de pesquisa e empresas como IBM, HP, Microsoft e Intel estão descobrindo maneiras de transformar gran­­des pacotes de informação disponíveis online através da com­­putação em nuvem. Tais avan­­ços diminuem as grandes muralhas que cercam a pesquisa de computação intensiva. Um re­­sultado disto poderia ser a democratização que dá a pessoas co­­muns uma chance de explorar sua curiosidade sobre o poder de fogo da computação pesada – e, talvez, até descobrindo algo realmente inédito.

A tendência vem motivando os maiores estudiosos e especialistas em computação de ponta a trabalhar em busca da liberação do acesso gratuito a valiosos e enor­­mes bancos de informação. O objetivo é encher grandes computadores com dados e então per­­mitir o acesso a qualquer ci­­dadão que tenha um PC, incluindo cientistas amadores. "É um bom chamariz. A tecnologia está ali. A necessidade está ali. Isto poderia aumentar exponencialmente a quantidade de pesquisas científicas ao redor do globo", disse Mark Barrenechea, che­­fe-executivo da Silicon Gra­­phics, empresa que vende sistemas de computação a laboratórios e empresas.

A idéia de ter centros de pesquisa de última geração compartilhando dados não vem de hoje. Algumas das primeiras formas do que conhecemos hoje como a World Wide Web ganharam vida para que físicos e outros cientistas pudessem acessar grandes bancos de dados a partir de pontos remotos. Além disso, os laboratórios de universidades e go­­vernos foram os primeiros de­­fensores do que veio a se tornar a Computação em Grade, pela qual redes compartilhadas fo­­ram criadas para a transferência de dados.

A linha atual de pensamento agora é de que os laboratórios po­­dem chegar muito mais longe do que era possível se pegarem carona nas novas tendências da in­­dústria de tecnologia. E institutos de pesquisa, grandes e pequenos, podem hoje participar do cro­­nograma de compartilhamen­to elaborado pelos laboratórios.

A fim de obter inspiração, os cientistas estão olhando em serviços de computação em nuvem como o Google Docs, sites de com­­partilhamento de fotos e o programa de locação do data center da Amazon.com. Eles estão tentando trazer esse tipo de tecnologia baseada em web para seus laboratórios e fazer com que ela gerencie enormes volumes de dados. "Você já viu esses aplicativos de desktop se moverem na nuvem. A ciência está no mesmo rumo. Isso ajuda a democratizar a ciência e as boas ideias", declarou Pete Beckman, o direto da Argonne Leadership Computing Facility, em Illinois.

Com uma verba de US$ 32 milhões, conseguida junto ao De­­partamento de Energia dos EUA, o laboratório Argonne concentra hoje suas energias no Ma­­gellan, um projeto que visa criar uma infra-estrutura de computação em nuvem que possa ser uti­­lizada por cientistas ao redor do mundo. Beckman argumentou que um sistema desses iria reduzir a necessidade de universidades e laboratórios menores gastarem dinheiro em suas próprias estruturas computacionais.

Outra vantagem seria a de que os pesquisadores não necessitariam passar dias fazendo o download de enormes pacotes de dados a fim de fazer análises em seus próprios computadores. Em vez disso, esses pesquisadores poderiam enviar solicitações ao Magellan e receber apenas as respostas.

Até mesmo pessoas curiosas que vivem antenadas no mundo acadêmico podem ter a chance de se aprofundar em assuntos como as mudanças climáticas ou análise de proteínas. "Algum ma­­temático russo poderia dizer ‘Tenho uma ideia’. As barreiras para testar a ideia seriam tão baixas que ele poderia até explorá-la mais a fundo. Isso aumenta o número de descobridores e, com um pouco de sorte de descobertas", finalizou Beckman.

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