Curitiba A confirmação de focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul e as suspeitas sobre quatro municípios do Paraná fizeram as grandes redes de supermercados adotarem restrições para a carne bovina produzida nos dois estados. Carrefour e Wal-Mart foram as mais rigorosas: ambas suspenderam totalmente a compra de carne paranaense e sul-mato-grossense. O grupo Sonae, que controla as bandeiras BIG e Mercadorama, e o Pão de Açúcar, que detém o Extra, optaram por medidas um pouco mais brandas.
As lojas do Carrefour no Paraná, que antes se abasteciam quase totalmente de carne vinda de Mato Grosso do Sul e, em pequena escala, de um frigorífico de São José dos Pinhais, agora compram do Rio Grande do Sul. O Wal-Mart também excluiu Paraná e Mato Grosso do Sul de sua lista de fornecedores por tempo indeterminado, e agora utiliza como alternativa os estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais.
O Sonae, por sua vez, ergueu barreiras somente contra as regiões atingidas ou suspeitas de ter a doença. Segundo o diretor comercial do grupo, Alcides Batista Leite, desde que surgiram as suspeitas a empresa foi obrigada a substituir os fornecedores paranaenses cujas fazendas estavam nas regiões ameaçadas. "Sempre compramos apenas de frigoríficos credenciados e mantemos uma unidade própria, no Rio Grande do Sul. Não restringimos a compra em todo o estado porque uma medida como essa poderia prejudicar o abastecimento e encarecer a carne."
A vistoria do produto antes da venda também foi ampliada, segundo Leite. "O controle de qualidade é feito inicialmente no nosso Centro de Distribuição, em Pinhais, e depois nas próprias lojas. Cada uma tem um médico veterinário para acompanhar todo o processo de venda", diz. "A vistoria foi reforçada porque temos a preocupação de garantir segurança ao nosso cliente." O Sonae mantém uma equipe especial acompanhando os boletins do governo federal e as informações da imprensa sobre o problema. "Estamos bastante atentos."
A direção do Grupo Pão de Açúcar no Paraná preferiu não se manifestar. Segundo a assessoria de imprensa da rede, o abastecimento das lojas Extra e Pão de Açúcar está sendo feito pelos mesmos fornecedores. No entanto, com a exigência de que a carne venha de fazendas de fora das regiões com suspeita de contaminação.
O economista Gustavo Fanaya, do Sindicarnes-PR (sindicato que congrega frigoríficos paranaenses), minimiza o impacto das restrições das grandes redes de supermercados pois, segundo ele, no máximo 20% da carne bovina que elas vendem vem de frigoríficos do estado. Fanaya estima que aproximadamente 10% da produção paranaense de carne bovina é exportada, 35% segue para outros estados e os restantes 55% correspondem, em sua maior parte, ao que é vendido a restaurantes e supermercados de menor porte.
"O maior fornecedor das grandes redes era Mato Grosso do Sul, seguido por Goiás e Mato Grosso. Na maioria dos casos, o abastecimento no Paraná serve mais para completar o estoque", diz o economista.
Ernani Cartaxo Neto, gerente comercial do frigorífico Novilho Nobre, de Balsa Nova (região metropolitana de Curitiba), diz que os supermercados Angeloni, Super Muffato, Festval e Sonae mantiveram suas compras normalmente. "Nosso maior problema é levar a carne para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que respondem por grande parte de nossa carteira de clientes", diz Cartaxo Neto.
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