Um projeto bilionário de infrestrutura e uma ferramenta de comunicação para portadores de deficiência estão entre os premiados na 5.ª edição do Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável, cujo resultado foi anunciado na noite de ontem. Realizada pelo Instituto Superior de Administração e Economia (Isae/FGV), pelo Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCom) e pelo Sebrae, a premiação foi entregue a empresas, estudantes e planos de negócios. A intenção do prêmio é identificar os melhores projetos nas áreas de empreendedorismo e sustentabilidade do Brasil.
Na categoria de empreendedorismo econômico, o vencedor foi o projeto do Aeroporto de Cargas dos Campos Gerais, um megacomplexo aeroportuário no valor de R$ 3,5 bilhões que deve ser construído entre Ponta Grossa e Tibagi até 2015. A expectativa é de que o aeroporto privado, administrado pela Companhia Aeroportuária Campos Gerais, comece a ser instalado ainda no primeiro semestre deste ano.
Os investimentos de US$ 470 milhões (cerca de R$ 800 milhões) para a primeira etapa do terminal a primeira das quatro pistas do aeroporto devem sair do papel assim que o terreno de 42 quilômetros quadrados na região for adquirido, e os investidores garantem que já estão com as licenças de órgãos públicos em mãos. "É uma alegria fazer parte desse evento e levar conosco o nome do Prêmio Ozires Silva", afirma Marcelo Piragibe, diretor administrativo da companhia.
Comunicação
Na categoria de empreendedorismo social, o vencedor foi o projeto Communis Comunicação Alternativa, fruto da parceria do Sesi Paraná, Senai-PR e Gráfica e Editora Kaygangue. Os Kits Communis, como são chamados, contêm 480 imagens divididas em sete categorias. A intenção é dar ferramentas ao portador de deficiência para que ele possa se comunicar, através de cores que representam símbolos e palavras.
A grande inovação do kit é a inserção de expressões industriais, focadas no mercado de trabalho em indústria. "O kit foi customizado para os padrões brasileiros, criando instrumentos de comunicação para o mundo dos adultos, para os profissionais da área da indústria. A ferramenta melhora a qualidade de vida das pessoas com deficiência", diz a analista técnica sênior do Sesi-PR Daniele Farfus.
Presença ilustre
Durante a cerimônia, esteve presente o patrono do prêmio, Ozires Silva, ex-ministro e ex-presidente da Petrobras e da Embraer. Para o presidente do Isae/FGV, Norman de Paula Arruda Filho, a premiação destaca a importância do empreendedorismo no cenário econômico e social do Brasil. "Por isso o prêmio homenageia o doutor Ozires, ícone do empreendedorismo no Brasil e que teve um papel estratégico na formação dos empreendedores no país. Com a premiação, queremos que a sociedade seja estimulada a pensar de forma inovadora", ressalta.
Segundo Arruda, a intenção do prêmio é fazer com que as mais diferentes ideias saiam do papel e se concretizem. "O importante é a iniciativa dos empreendedores. Não é apenas para grandes projetos, é para que as ideias saiam da cabeça e sejam colocadas em prática, inclusive dentro das empresas", avalia.
Projeto usa etanol para fazer plástico
Na categoria de empreendedorismo na educação, o projeto vencedor foi o Super Educa, da Fundação Instituto Polo Avançado de Saúde, de Ribeirão Preto (SP). A proposta do Super Educa é realizar um projeto com alunos do ensino fundamental, médio e superior, com o objetivo de promover a adaptação de uma cultura empreendedora e inovadora nas escolas e faculdades, envolvendo a realidade social dos alunos.
Para Saulo Rodrigues, gerente de fomento da fundação, a proposta é de fácil replicação em escolas e universidades brasileiras. "É um projeto sustentável, com custos que não são significativos. Trabalhamos com os alunos a proposta da iniciativa, criatividade e responsabilidade, e estamos buscando parceiros para aplicar o projeto", avisa Rodrigues.
Na categoria de empreendedorismo ambiental, o vencedor da 5.ª edição do Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável foi o projeto de Plástico Verde, da Braskem, produtora de resinas termoplásticas. O Polipropileno Verde, desenvolvido pela Braskem em Triunfo (RS), utiliza uma tecnologia já provada industrialmente e tem como fonte de matéria prima o etanol de cana de açúcar para a produção de plástico.
O estudo de ecoeficiência do plástico verde, realizado em parceria com a Fundação Espaço Eco e que utilizou como base os dados da engenharia conceitual, mostra que, para cada tonelada de Polipropileno Verde produzida, 2,5 toneladas de gás carbônico são capturadas e fixadas. "Foi um grande avanço que a Braskem deu no posto de vista ambiental e de sustentabilidade. Foi um esforço de empreendedorismo e inovação para criar um produto por meio de uma tecnologia que já era empregada", salienta Janaina Garcia Serrante, analista de Marketing e de Inteligência de Mercado da Braskem.