Os novos tablets da Sony não entusiasmaram a crítica e os analistas, que reprovaram o preço e a qualidade dos aparelhos, enfatizando a dificuldade que a Sony enfrenta para reconquistar o topo do segmento de bens eletrônicos de consumo. A Sony ingressou tarde no mercado com seu primeiro tablet, que estará à venda este mês, mais de 18 meses depois que a Apple lançou o líder iPad e quase um ano após a Samsung Electronics lançar o GalaxyTab, que ocupa o segundo lugar no setor que a Sony deseja conquistar. Críticos e analistas destacaram o preço alto e questões de desempenho, sugerindo que a Sony será apenas mais uma concorrente, em vez de líder no mercado de tablets. As duas versões do principal tablet da Sony custarão 499 e 599 dólares, mesmos valores dos modelos mais baratos da Apple. "Os consumidores querem tablets, mas não estão preparados para pagar por um produto que não seja um iPad o preço que pagariam pelo iPad," disse Carolina Milanesi, analista da empresa de pesquisas Gartner. "A despeito da marca e do design diferente, um preço próximo ao do iPad criará uma situação desafiadora para a Sony." Distinções técnicas Os novos tablets da Sony operam com o Android, do Google, como o GalaxyTab e aparelhos da Acer, Asustek Computer e Motorola Mobility. A empresa está tentando distinguir seus tablets dos demais aparelhos Android oferecendo recursos como um modelo que serve também de controle remoto universal e outro em formato flip que oferece acesso a alguns jogos de primeira geração do PlayStation. Em um evento para apresentar os tablets em Berlim, na quarta-feira, o presidente-executivo da Sony, Howard Stringer, descartou preocupações de que a empresa tenha demorado demais para entrar no mercado de tablets.
"Queremos provar que não importa chegar primeiro, e sim fazer melhor," disse Stringer. Com base na recepção inicial, a Sony fracassou quanto a isso. Críticos de tecnologia elogiaram a Sony pelo design curvilíneo e original do tablet S, que se assemelha a uma revista dobrada e torna mais fácil segurar o aparelho com uma mão, mas a qualidade do hardware foi questionada. No discreto lançamento dos tablets em Tóquio, a Sony insinuou que poderia ser flexível quanto ao preço. "Estudaremos a reação do mercado e tomaremos as providências necessárias," disse o vice-presidente da divisão da Sony que produz os tablets, Hideyuki Furumi. "Mas não queremos concorrer só no preço, porque oferecemos muitos recursos diferenciados". Mercado disputado A Sony está se unindo às muitas empresas de tecnologia que esperam conquistar uma fatia de um mercado no qual muitas vêm tropeçando em sua perseguição à Apple. A decisão da Hewlett-Packard de cancelar seu tablet TouchPad apenas algumas semanas depois do lançamento mostra como é fácil fracassar. As vendas só dispararam depois que a companhia reduziu o preço dos 399 e 499 dólares iniciais para 99 dólares, o que levou a HP a anunciar "produção adicional" dos tablets, antes do cancelamento, para atender a demanda. A Sony afirmou que o tablet S é único porque oferece um controle remoto universal que pode ser usado para aparelhos de som, decodificadores de TV a cabo e televisores.
O aparelho, que conta apenas com conexão wi-fi, tem tela de 9,4 polegadas, pesa pouco mais de 600 gramas e possui câmeras frontal e traseira. A versão de 16 gigabytes custará 499 dólares nos Estados Unidos, enquanto a de 32 gigabytes sairá por 599 dólares. Na Europa, o S custará 479 euros. As lojas começaram a aceitar pedidos na quarta-feira, e o aparelho estará disponível ainda em setembro. O segundo tablet da Sony, o P, tem memória de 4 gigas e formato que lembra o de uma bolsa de mão. O aparelho tem duas telas de 5,5 polegadas que podem formar uma única tela contínua e pesa menos de 500 gramas. Na Europa, o P custará 599 euros e estará disponível em novembro. A Sony anunciou que o aparelho será lançado nos EUA ainda este ano, mas não forneceu data ou preço. Os tablets da Sony se beneficiam do acervo de entretenimento controlado pela companhia, oferecendo serviços de música e filmes, o que pode dar vantagem à empresa sobre rivais, de acordo com Stringer. "A Apple faz o iPad, mas ela também faz filmes?", questionou o executivo.