O mundo da moda vive de novidade, mas o novo estilista precisa mais do que talento para crescer e aparecer. Quem vai mergulhar nesse mercado tem que encontrar a estratégia e a plataforma certa. A fórmula "começar para ficar conhecido", mais ligada às empresas tradicionais, não serve para ateliês de moda. Para esse negócio, vale a regra "seja conhecido para depois se arriscar". E para ficar conhecido, o caminho é longo, mas cheio de oportunidades.
Hoje, mais do que nunca, novos estilistas têm a sua disposição inúmeras vitrines para serem reconhecidos pelo seu trabalho. São eventos de moda que abrem espaço para novos estilistas e programas de televisão que desafiam jovens designers. A principal ferramenta, por outro lado, é a internet, seja pelas redes sociais ou por blogs (e blogueiros) especializados em moda.
Procurar a melhor plataforma, ou somá-las, pode abrir portas para jovens estilistas. Clé Carrer, estilista e diretor de desfiles, lembra que eventos de moda e arte, inclusive os já consolidados no calendário de moda nacional, estão lançando novos designers. Ele ressalta ainda que as redes sociais são importantes porque fomentam o consumo, além de servir de termômetro da aceitação do público.
"O novo designer ou estilista deve procurar uma vitrine onde possa exercitar o seu lado criativo, agregando qualidade e aprimoramento ao seu produto. É sem duvida um dos passos mais importantes rumo à consolidação e reconhecimento de um trabalho. O novo é a palavra chave para o consumo", analisa Carrer.
Para abrir espaço ao novo, Roberto Arad, designer da Arad Tailored Jeans, idealizou a Vicentina Vicente Machado, evento do comércio de rua de Curitiba que dá espaço para jovens estilistas mostrar suas peças, comercializá-las e formar sua clientela. "Os novos nomes da moda estão aparecendo em eventos da moda, na internet e no boca a boca. É um mercado muito competitivo para entrar e ganhar visibilidade, o que requer muito empenho para o nome sobressair e a pessoa conseguir abrir um ateliê. Há espaço para novos profissionais, mas é um mercado difícil e competitivo", pondera Arad.
Para começar, reality show, bazar e rede social
Jovens estilistas de Curitiba já descobriram o caminho para a abertura de um ateliê. Uns contaram com empurrões, outros não, mas todos tiveram que se esforçar, e muito, para hoje poderem desenhar, cortar e costurar suas peças.
Juliana Moriya, estilista da grife Juliana Moriya, venceu, em 2010, o reality show da MTV "IT MTV Elle Fashion Fabric". Depois disso, sua vida profissional mudou de rumos. Após o programa, foi fazer cursos em Milão, na Itália, e aproveitou sua passagem pela Europa para fazer pesquisas. "Como venci o programa, meu nome entrou na mídia. Foi um atropelo porque precisava me organizar, mas este ano consegui abrir a minha loja. Como atendo a pedidos de peças sob medida, precisava de um ateliê", conta.
Juliana considera a a internet uma ferramenta essencial para que o estilista descubra seu público, em especial as redes sociais e blogs de moda e suas blogueiras, que têm a opinião valorizada no mundo virtual. "Antes de montar a loja, porém, é preciso que o estilista forme seu público, é mais arriscado que abrir uma empresa tradicional", ressalta.
Para formar seu público, outro estilista de Curitiba, Alexandre Linhares, da Heroína Alexandre Linhares, participou de bazares de moda para expor seus produtos. Durante dois anos o seu ateliê funcionou em sua casa, mas desde 2009 ele pode atender a seus clientes em seu próprio ateliê, onde trabalha com mais duas pessoas Linhares desfila hoje no Paraná Business Collection. "Nesses bazares o investimento para chegar direto aos consumidores é mais barato, é um laboratório excelente", ensina.
As redes sociais também são uma grande vitrine uma das mais populares da época, o Orkut, já deu espaço para seu catálogo de peças, que hoje é ocupado pelo Facebook. "A rede social é uma ferramenta democrática, que dá a mesma oportunidade para todo mundo. É uma peneira justa, em que os próprios clientes fazem o filtro", avalia.