A taxa de desemprego no Brasil ficou em 6,8% em 2014, abaixo dos 7,1% registrados em 2013 e dos 7,4% de 2012, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) indicam uma deterioração no mercado de trabalho a partir do segundo semestre do ano passado. Houve redução no número de vagas com carteira assinada no setor privado, o que significa piora na qualidade do emprego.
Na passagem do terceiro para o quarto trimestre de 2014, 147 mil postos de trabalho formais no setor privado foram extintos, o segundo recuo consecutivo na carteira assinada. "Embora no ano o saldo seja positivo, num período recente, a carteira assinada cai. O número de pessoas que estão sendo contratadas com carteira não está crescendo, está reduzindo em relação ao trimestre anterior. Perda de carteira assinada é perda de qualidade [no emprego]", disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Além disso, a taxa de desemprego no quarto trimestre de 2014 (6,5%) foi maior do que a verificada no mesmo período de 2013 (6,2%) porque o mercado de trabalho não conseguiu gerar vagas em quantidade suficiente para absorver o crescimento no número de pessoas em idade de trabalhar (mais 2,742 milhões de indivíduos). Apesar de 1,350 milhão de pessoas terem migrado para a inatividade, evitando que engrossassem a fila do desemprego, foram abertos apenas 993 mil postos de trabalho. Como resultado, o país ganhou, em um ano, mais 400 mil desempregados.
"O aumento na população ocupada não foi suficiente para derrubar essa taxa [de desemprego]. O ideal é que você tenha a população ocupada com aumento superior ao crescimento vegetativo, e o crescimento da população [em emprego] formal superior ao da população ocupada também", apontou Azeredo.
Cenário desfavorável
A estagnação da economia, a ameaça de racionamento de água e de energia, e a retração da indústria estão comprimindo a oferta de emprego no país, na avaliação da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio RJ). "O desemprego, antes em pisos históricos, dá sinais de elevação, em meio ao ritmo hesitante da atividade doméstica", manifestou a entidade, lembrando que o desempenho do mercado de trabalho já influencia o consumidor, que ficou menos propenso à compra de bens de consumo duráveis, por exemplo.
A tendência de queda na taxa de desemprego mudou no segundo semestre do ano passado. As taxas médias de desocupação começaram 2014 em patamar muito inferior às de 2013, mas acabaram com essa distância já no terceiro trimestre, quando praticamente se igualaram. "No período recente, o quadro foi de aumento da desocupação. Mas quando faz a média do ano, o quadro ainda é favorável", ressaltou Azeredo.