Apesar de o Banco Central ter voltado a elevar a taxa básica de juros (Selic) em abril, o crédito ao consumidor ficou praticamente estável no mês passado, principalmente por causa dos juros menores cobrados no cheque especial e no crédito pessoal.
Após uma diminuição mais acentuada em março, a taxa média caiu apenas 0,12 ponto percentual, de 24,42% (ao ano) em março para 24,3% em abril. O valor representa seu menor patamar desde novembro de 2012, quando era de 25,08% ao ano. Há um ano, a taxa média anual era de 29,3%.
Quando considerados apenas os juros do crédito livre, que excluem operações direcionadas, como a maioria do crédito imobiliário, a redução foi da mesma magnitude, para 34,4% ao ano. Com a provável continuidade da alta da Selic nos próximos meses, porém, a tendência é que o crédito ao consumidor volte a ficar mais caro, disse hoje o chefe do departamento econômico do BC, Tulio Maciel, ao apresentar os números.
Para ele é a redução da inadimplência que explica a queda dos juros nesse segmento nos últimos dois meses.
A menor inadimplência provocou uma redução do spread -que é a diferença entre o custo de captação dos bancos e quanto ele cobra de juros dos seus clientes- nos últimos meses, possibilitando a redução dos juros, explicou Maciel.
"O spread está recuando porque o quadro de inadimplência nesse segmento de pessoas físicas, que era mais crítico em 2012, está melhor. Então é isso que está permitindo que o spread recue", disse.
Ele ressaltou, porém, que é "natural se esperar que aumentos da taxa básica continuem impactando o custo de captação e venham a repercutir nas taxas, não só das famílias, como das empresas, do crédito em geral".
Vale lembrar que nos primeiros dois meses do ano os juros tinham subido, devido à expectativa de que o BC elevaria os juros em breve.
Os spreads cobrados no crédito livre aos consumidores acumulam queda de 0,7 ponto percentual nos últimos três meses, mas apresentaram leve alta em abril, de 0,1 ponto percentual. Já a taxa de inadimplência desse segmento vem caindo gradualmente desde dezembro e ficou em 7,5% no mês passado.
Empresas
No caso das empresas, o percentual do calote é mais baixo (3,7% no caso do crédito livre, em abril), mas tem ficado estacionado mais ou menos no mesmo patamar há alguns meses.
De acordo com o BC, a taxa média anual cobrada do setor corporativo nas operações livres subiu de 18,8% em março para 19,2% no mês passado. Esse aumento foi puxado principalmente pelo encarecimento do capital de giro, que representa mais de 50% do crédito livre para empresas.
Segundo Maciel, esse aumento dos juros se refletiu num crescimento mais moderado das operações de financiamento para pessoas jurídicas do que para consumidores no mês passado.
No total, os empréstimos cresceram em abril em ritmo mais lento do que em março. O estoque de operações de crédito aumentou 1,1% em relação ao mês anterior, totalizando R$ 2,453 trilhões. Em 12 meses, a alta acumulada é de 16,4%.
Em relatório divulgado nesta manhã, a consultoria LCA observa que o desempenho do crédito às empresas surpreendeu negativamente em abril, com crescimento mais lento dos empréstimos e alta dos juros e dos spreads.
"Esse comportamento, associado ao crescimento ainda comedido do crédito às famílias em meio a um cenário de elevado comprometimento de renda e de menor avanço do rendimento, nos levou a revisar nossa projeção de crescimento para o saldo total de crédito em 2013, de 16,5% para 15,5%", informa o relatório.
A projeção ainda é mais otimista que a do BC, que prevê alta de apenas 14% do estoque de crédito neste ano.
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