Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou hoje que o Brasil dispõe de um conjunto de medidas macroeconômicas consistentes, focadas em levar a inflação para a meta. Em 2011, a meta de inflação é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos, para mais ou para menos. Tombini disse que a trajetória real (descontada a inflação) de juros tem sido reduzida. Segundo ele, o Brasil tem tido um ciclo monetário nos últimos 10, 12 anos com taxas de juros reais cada vez mais baixas.
Ele admitiu que os juros são mais elevados que de outros países, mas que as taxas estão mais baixas que no ano passado. Ele lembrou que, na semana que vem, o BC divulga o relatório de inflação, em que vai fornecer informações sobre a visão prospectiva da instituição em relação à evolução da inflação nos próximos meses e como se relaciona com o centro da meta.
Segundo Tombini, são as políticas monetária e fiscal, além de outras na área de crédito, que têm sido importantes para combater a inflação. Ele citou ainda as políticas macroprudenciais adotadas pelo BC, que ajudam na estabilidade financeira e no controle da inflação.
Câmbio
Tombini disse ainda que a preocupação do BC em relação ao câmbio é sobre a repercussão na estabilidade financeira. Segundo ele, o mundo não vive em condições normais. Estados Unidos e Europa praticam taxa zero de juros e adotaram medidas para aumentar a liquidez, já que o mercado de crédito ainda não retornou aos patamares de antes da crise. "Então, além da política de juros baixos e de compra de instrumentos financeiros pelos bancos centrais, estamos vivendo momentos extraordinários, mas isso não é uma condição de médio prazo", afirmou o presidente do BC.
Segundo ele, nesse período é preciso ficar atento às repercussões do câmbio sobre a estabilidade financeira. "Nós já vimos este filme, onde aparentemente se pensa que há apenas uma direção do câmbio, onde o real fica mais forte e o dólar fica mais fraco. Isso levou no passado recente a aventuras. Na hora em que reverte, isso gera custos", disse Tombini.
O presidente do BC disse que o Brasil terá que "navegar nesse período" e que ninguém tem bola de cristal para saber quando Europa e Estados Unidos voltarão às condições econômicas normais. Ele disse que há previsões para o início do próximo ano. Tombini disse que ainda que as políticas brasileiras tenham sido tomadas para evitar uma velocidade na flutuação do câmbio, o movimento acontece porque tem um força grande externa que afeta o movimento do câmbio flutuante. "Temos tomado precauções para que não leve a exageros, que achem que é só para um lado e que achem que é permanente, quando não é", disse Tombini.
Ele lembrou que os eventos do Japão podem potencialmente levar a uma repatriação de recursos. "Não está no nosso horizonte, mas há o risco", afirmou. O presidente do BC disse também que é importante ter em mente que a situação do câmbio não é permanente e que ele não pode ser usado como canal de estabilidade de preço. Para ele, a flutuação cambial gera um risco grande de instabilidade financeira.
Reservas
O presidente do BC defendeu ainda a política de acumulação de reservas internacionais. Segundo ele, o nível das reservas brasileiras, hoje acima de US$ 310 bilhões, é "moderado" ante o tamanho da economia, na comparação com outros países. Para Tombini, o crescimento das reservas reflete o forte fluxo de capitais para o País dos últimos três anos, fruto das políticas monetárias expansionistas praticadas no mundo desenvolvido e da atratividade da economia brasileira. O presidente do BC reconheceu que a acumulação de reservas tem custos, mas um "custo do seguro", já que o objetivo dela é dar segurança e garantir a liquidez na economia.
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