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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) atualiza nesta quarta-feira (26) a taxa básica de juros (Selic), que serve de referência para o custo de grande parte dos empréstimos no país. A tendência é de que ela seja mantida em 13,75%, segundo expectativas de bancos, corretoras e consultorias no boletim Focus.
Para Rafael Perez, economista da Suno Research, o Copom deverá ponderar sobre as incertezas domésticas e globais antes de tomar qualquer decisão, pesando sobre os riscos altistas e baixistas divulgados na última ata.
Os riscos altistas que pressionam os juros para cima são:
- Maior persistência das pressões inflacionárias ao redor do mundo;
- Incertezas sobre o futuro do arcabouço fiscal do país; e
- Hiato do produto (diferença entre o PIB efetivo e o PIB potencial do país) mais estreito que o projetado.
Mas há fatores que estão contribuindo para o trabalho do Banco Central no controle da inflação. Eles são:
- Queda no preço das commodities;
- Desaceleração da economia global; e
- Manutenção, em 2023, de cortes de impostos realizados em 2022.
Economistas do Itaú consideram que o período de redução na inflação apenas começou e tende a ser lento em itens como os serviços. “Adicionalmente, ainda há fontes importantes de incerteza, como preço das commodities, comportamento de ativos financeiros, condução da política fiscal e o nível de hiato da economia”, apontam em relatório.
Eles afirmam que o Copom deve manter o tom de vigilância: “Ao não realizarem mudanças na sinalização, acreditamos que as autoridades reforçarão o tom da cautela, indicando que a discussão sobre eventuais cortes de juros ainda está distante”.
O Bradesco avalia que, após encerrar o ciclo de alta de juros na última reunião, espera-se que o Banco Central mantenha a Selic em 13,75% ao ano nesta quarta. "Dessa forma, os mercados analisarão o comunicado da decisão e o tom adotado para pensar os próximos passos do BC", diz o banco em relatório.
Pedro Paulo Silveira, da Nova Futura Asset, espera também que a taxa seja mantida no atual patamar, sinalizando algum refresco para o primeiro semestre de 2023.
Elevação não é descartada, mas é improvável
Uma elevação de 0,25 ponto percentual, levando a taxa para 14% ao ano, não é descartada, mas é vista como um cenário de baixa probabilidade. “A autoridade monetária mencionou que se manterá vigilante e não hesitará em retornar novas altas na Selic caso não evolua no processo de desinflação da economia”, diz Perez, da Suno Research.
A inflação para os próximos meses sinalizada pelo boletim Focus está em queda. A expectativa atual é de que ela feche o ano em 5,13%, mesmo assim acima da meta.
Início da queda na taxa Selic
Por ora, as projeções sinalizam para uma queda da taxa Selic apenas no segundo semestre de 2023. Segundo os economistas do Itaú, a intensidade e a data de um eventual início de ciclo de cortes estão condicionadas a sinalizações sobre o rumo das contas públicas, em especial no que diz respeito a potenciais mudanças no atual arcabouço do teto de gastos que alterem a capacidade de convergir para superávits primários recorrentes e a estabilização da relação dívida/PIB.