Dos mais de três mil funcionários que chegaram a Pontal do Paraná, litoral do estado, para trabalhar na multinacional de engenharia Techint devido às encomendas de duas plataformas da empresa de construção naval OSX, do empresário Eike Batista, apenas 150 funcionários restam no imenso canteiro de obras. Desde julho deste ano, mais de dois mil trabalhadores ficaram desempregados. A primeira grande leva de demissões de 700 a 900 pessoas ocorreu em julho, quando a holding de Eike anunciou o cancelamento da plataforma WHP1.
A situação ficou ainda pior porque a segunda plataforma encomendada pela OSX, a WHP2, teve seu contrato suspenso. Embora a Techint não tenha se manifestado oficialmente sobre o assunto, sabe-se que o contrato desta plataforma ainda está em vigência e pode passar por uma renegociação de valores. Por ora, entretanto, a construção da WHP2, de cerca de R$ 1 bilhão, está totalmente parada.
Comércio
Os alojamentos vazios da Techint refletem de forma negativa no município de Pontal do Paraná. De acordo com o presidente da Associação Comercial de Pontal do Paraná, Gilberto Espinosa, muitas empresas investiram para atender a demanda da Techint e se não houver uma retomada nos estaleiros da multinacional, o prejuízo dos empresários será incalculável. "O movimento no comércio diminuiu mais de 80% com relação ao período em que a Techint estava a toda vapor. Nossa expectativa é que a situação volte ao normal, caso contrário, muita gente vai quebrar feio", disse. Espinosa é dono da lavanderia Estrela do Mar. "Vou conseguir equilibrar as contas da empresa com a expectativa do verão. E espero que logo depois da temporada alguma empresa se interesse em assumir as plataformas da OSX ou a própria empresa consiga reverter a situação negativa", completou.
A rede de Hotéis Dubai investiu mais de R$ 1 milhão para atender a demanda da Techint. Dos dez endereços abertos pela rede e que antes não eram suficientes para suprir a necessidade de alojamento dos funcionários da multinacional , apenas um está em funcionamento.
Retomada
É com o terceiro contrato conquistado desde que anunciou a retomada de suas operações em Pontal do Paraná que a Techint deve recuperar terreno e compensar parte do impacto negativo gerado pela OSX. A construção da plataforma P-76, da Petrobras, já está em fase de engenharia, segundo informações internas da empresa, e deve demandar já no início de 2014 a contratação de cerca de 2 mil trabalhadores. A estrutura fará parte do complexo de exploração de petróleo da estatal na Bacia de Campos, entre as costas do Rio de Janeiro e Espírito Santo.
ANP deve pedir novos estudos sobre reservas da OGX
Agência O Globo
A diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, disse ontem que pode pedir para a OGX, petroleira de Eike Batista, que entrou semana passada com pedido de recuperação judicial, novos estudos sobre suas reservas. No último domingo, o jornal Folha de S. Paulo revelou que os diretores da companhia sabiam desde 2012 que os campos da companhia, na Bacia de Campos, estavam abaixo das previsões iniciais.
Ela lembrou ainda que a OGX já tinha pedido a postergação dos planos de desenvolvimento dos três campos (Tubarão Areia, Gato e Tigre), que foram negados pela ANP. Por isso, disse ela, a OGX já deve ter submetido um novo plano para a Agência. "Já deve ter sido submetido. A única questão nossa é que existe uma cláusula explícita que fala sobre recuperação judicial. E a ANP poderá ou não cancelar o contrato. Só será cancelado se houver inadimplemento de objeto. Eles não podem inadimplir em nada, como pagamento de royalties, submissão de plano de desenvolvimento, de planos de avaliação e relatórios anuais de trabalho e de orçamento. Tudo que envolve o contrato, que é esse o objeto", ressaltou.
A OGX informou ontem que estudos preliminares feitos em 2012 apontavam para um volume de petróleo recuperável (economicamente viável) menor que o divulgado nos campos que mantém na Bacia de Campos, entre eles Tubarão Azul, que desde julho interrompeu a produção. Mas, segundo a companhia, estes estudos não foram divulgados imediatamente porque decidiu-se investigar mais profundamente os dados, devido à discrepância entre as informações preliminares.
Pela reportagem da Folha de S.Paulo, a equipe técnica da OGX tinha em mãos relatórios que mostravam que o volume recuperável das reservas dos principais campos da Bacia de Campos somavam 315 milhões de barris, equivalente a 17% do que se havia divulgado. Ainda assim, eles tiveram sua comercialidade declarada em março de 2013 para, três meses depois, serem declarados de fato inviáveis.