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Discussão

"Caso IBGE" repercute no Congresso Nacional

Ontem, o DEM protocolou na Câmara dos Deputados um requerimento pedindo a convocação da ministra do Planejamento, Miriam Belchior. O partido de oposição quer que a ministra preste esclarecimento na Comissão de Fiscalização e Controle sobre a crise instalada no IBGE, causada pela saída de diretores que discordavam de mudanças propostas pelo governo na Pnad Contínua.

A convocação, se aprovada, torna a presença da ministra obrigatória. "Existem indícios de que o governo quer transformar o instituto em agente de notícias eleitoreiras", disse o líder do partido na Casa, deputado Mendonça Filho (PE).

O vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), afirmou que a manifestação dos técnicos do IBGE fortalece a tese de que a suspensão da pesquisa teve objetivo "eminentemente eleitoral". "É para esconder a realidade dos números sobre desemprego do país", resumiu. O tucano disse que o caso é ainda mais delicado porque dois senadores da base aliada, que são candidatos a governo nos respectivos estados, a petista Gleisi Hoffmann no Paraná, e o petebista Armando Monteiro, em Pernambuco, questionaram os dados da pesquisa.

Um grupo técnico do Ins­­tituto Brasileiro de Geo­­grafia e Estatística (IBGE) começará hoje a estudar soluções para manter a divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Na última quinta-feira, a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, anunciou a suspensão da Pnad Contínua até janeiro de 2015 – diante da decisão, a diretora de pesquisas do instituto, Marcia Quinstlr, pediu exoneração do cargo.

O grupo, formado ontem, surgiu de um acordo feito entre coordenadores e a direção do IBGE em reunião extraordinária convocada na última sexta-feira, diante da rebelião dos servidores, que ameaçaram entregar os cargos. O objetivo é assegurar que a próxima divulgação, marcada para 3 de junho, seja mantida.

"O resultado do trabalho desse grupo técnico vai sair até lá", afirmou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE e responsável pela Pnad Contínua, Cimar Azeredo. "É um grupo de técnicos que trabalha diretamente com a pesquisa. Logicamente, nós também vamos participar porque hoje somos coordenadores, mas temos um papel técnico também", disse.

Segundo Azeredo, a ameaça coletiva de entrega de cargos foi uma medida tomada para abrir um diálogo com a direção do instituto, mas a debandada não está em pauta no momento. "Isso foi num primeiro momento para podermos abrir um diálogo sobre os rumos da pesquisa, cuja decisão pela suspensão foi tomada sem que o corpo técnico fosse consultado", lembrou.

Ontem, em um comunicado assinado por 45 técnicos divulgado no site do Sindicato Nacional dos Servidores do IBGE, os especialistas defendem que não há razão para interrupção da divulgação da pesquisa.

Questionamento

A decisão, segundo o IBGE, foi tomada porque parlamentares questionaram o instituto sobre a metodologia de cálculo da renda domiciliar per capita da Pnad Contínua. Entre os questionamentos destacava-se aquele relativo aos intervalos de confiança das estimativas por unidade da federação, já que tais estimativas servirão de base para o rateio do Fundo de Participação dos Estados (FPE).

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