Um modelo virtual de edificação que possibilita a simulação do edifício durante sua vida útil, passando por todas as fases. Este é o conceito da Modelagem da Informação da Construção ou BIM (Building Information Modeling), sistema ainda pouco utilizado no Paraná, mas que começa a ganhar espaço, prometendo aumentar a qualidade e a lucratividade dos projetos, além de reduzir prazos e custos. Para aproximar a nova tecnologia dos empresários e profissionais da área de construção, o Sebrae promoveu este mês em Maringá um evento sobre o BIM. Segundo o consultor Joversi Luiz de Rezende, o software traz um novo método de pensar o processo produtivo do setor, atuando como uma espécie de raio-x das obras. "A tecnologia BIM ainda é pouco explorada e chegou ao Brasil há cerca de três anos, sendo usado por grandes empresas, principalmente em São Paulo. Ela segue uma tendência de se pensar mais no planejamento da obra, para torna-la mais rápida e industrializada." Durante o evento, houve uma palestra com o arquiteto e instrutor de compatibilização em 3D e BIM, Adriano Scarabelot. Ele explicou que nos Estados Unidos e em países da Europa, mais de 50% dos escritórios já utilizam essa tecnologia. "Hoje, utilizamos um processo linear de planejamento que nos permite verificar falhas só na execução da obra, gerando prejuízos. Com a tecnologia BIM, as empresas passam a experimentar um processo colaborativo e simultâneo que permite identificar os pontos cegos do projeto, como colisões de tubulações, e minimizar erros e desperdícios", explicou. Composição de objetos Para montar os projetos, os arquitetos costumam utilizar o Desenho Assistido por Computador, ou CAD (Computer Aided Design), software que utiliza linhas e formas geométricas desvinculadas de outros arquivos. Já o BIM transforma o projeto em uma composição de objetos pré-modelados que estão ligados a um modelo único. O programa permite integrar projetos de arquitetos, engenheiros e outros profissionais, promovendo a simulação e a visualização da obra como um todo. O arquiteto e integrante do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR) Aníbal Verri Junior, utiliza efetivamente o BIM desde o fim do ano passado. Durante esse período, ele percebeu que o novo sistema reduziu os retrabalhos. "Se eu faço uma alteração em um objeto, existe uma atualização instantânea de todos os componentes do projeto, minimizando o risco de erro. É uma plataforma que facilita o diálogo com a obra".
Barreiras Para o consultor do Sebrae, ainda existem pelo menos duas barreiras para a popularização do BIM: a falta de conhecimento sobre o novo sistema e o alto investimento inicial. "O sistema exige um suporte mais robusto de informática. Mas esse é um caminho que vemos como irreversível." O presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Maringá (AEAM), o engenheiro civil Nivaldo Barbosa de Lima, segue opinião semelhante. "Não dá para esperar que só os profissionais mudem, as empresas precisam se adaptar aos novos conceitos e tecnologia para o processo produtivo seja eficaz."