Comercial do shopping Mueller, que mostra automóveis voando como balões| Foto: Divulgação

Concorrência

Curitiba ganha estúdio da Beta Cine

A produtora Beta Cine, que já mantinha unidades em São Paulo, Brasília e Cuiabá, acaba de inaugurar um estúdio de 400 metros quadrados no bairro Jardim Social, em Curitiba. O proprietário, Rodrigo Piovezan, prefere não revelar o valor investido no espaço, mas diz que montou na capital paranaense um dos estúdios mais modernos do país, com o objetivo de atender a todos os estados do Sul. "A cidade conta hoje com empresas de grande porte e potencial para grandes produções", diz Piovezan, sobre a escolha por Curitiba. (CS)

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Piovezan, da Beta Cine: varejo se beneficiou do menor custo trazido pelo avanço técnico
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Há pouco mais de uma década seria quase impossível ver um pacote de esponjas de aço cantando e rebolando em um comercial de televisão ao lado de uma dona de casa. Tampouco automóveis voando como se fossem balões para divulgar uma promoção de shopping center. Mas, à medida que as tecnologias virtuais evoluem e tornam-se mais acessíveis, elas também ganham espaço no mercado publicitário. Paralelamente, acreditam alguns publicitários, rompem os limites para a criação.

"O limite da criatividade não é mais o orçamento", diz diretor autônomo de cena e fotografia, Rolando Méndez Acosta. "Com essas novas tecnologias, você capta a imagem de alguém em um fundo verde e coloca ela em qualquer parte do mundo, por exemplo. Com o uso de técnicas 3D, você cria um cenário e pode baratear os custos de produção." Foi com uma técnica assim que os carros da promoção de 25 anos do shopping Mueller apareceram voando sobre a cidade, como se fossem balões, no filme publicitário, conta o diretor.

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Para Rodrigo Piovezan, da Beta Cine – produtora que acaba de inaugurar um estúdio em Curitiba –, as novas tecnologias têm trazido mais rapidez e qualidade ao trabalho publicitário, na maioria das vezes com um custo mais baixo. Piovezan cita como exemplo a comunicação para o varejo – um mercado bastante dinâmico no qual, muitas vezes, filma-se uma campanha hoje para colocar o material no ar amanhã. Antes, a publicidade tinha de ser bem mais simples, para dar conta do tempo e do orçamento.

A publicidade sempre se valeu dos avanços do cinema – área na qual as produções são financiadas por enormes investimentos dos estúdios cinematográficos – e as animações em 3D são um dos principais exemplos disso. O designer gráfico Eduardo Gurman lembra que este tipo de recurso chegou ao mercado brasileiro em 1996, quando foi produzido o longa de animação Cassiopéia. Na publicidade, as formiguinhas criadas para um comercial da Philips podem ser consideradas estreantes do sistema – em um comercial que levou o Leão de Ouro em Cannes.

Entre as inovações mais recentes, Gurman destaca o chamado tracking, no qual as cenas são filmadas com movimentos que recebem elementos tridimensionais em composição. "São movimentos que, com uma câmera real, não seria possível fazer." Outra novidade é o ‘motion capture’ – sensores são colocados em pessoas reais e seus movimentos são capturados para o 3D.

Para o designer, o uso dessas tecnologias no Brasil é quase tão eficiente quanto nos Estados Unidos ou na Europa. O grande problema, diz Gurman, é que ainda não há demanda suficiente para justificar o investimento em alguns equipamentos mais caros. "Em alguns casos, é mais barato fazer em Los Angeles do que comprar um equipamento apenas para uma determinada produção", diz. "Mas o mercado está crescendo muito, e a qualificação dos profissionais também. A tendência é de melhorar e crescer ainda mais."

Saudosismo

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O diretor Acosta, no entanto, diz que a linguagem 3D, ou qualquer outra tecnologia que seja inventada, não vai acabar com as linguagens mais antigas, com o modo "analógico" de fazer propaganda. "É só mais uma ferramenta. Você vai continuar trabalhando com belas fotografias captadas do modo tradicional, quando for o caso", diz. "A própria indústria da película está explorando novas tecnologias, novas formas, para se manter competitiva."