Enquanto o etanol convencional é feito geralmente a partir da fermentação do caldo da cana-de-açúcar ou do amido de milho, o combustível de segunda geração tem como matéria-prima a biomassa. Ou seja, resíduos vegetais, como serragem, cavacos de madeira, palha de milho, capim, bagaço de cana e até pasta de papel – basta que tenham celulose e hemicelulose em sua composição.

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O trunfo do álcool celulósico está justamente em ter o potencial de complementar a produção do etanol comum. Outro ponto favorável é que, por ser feito de resíduos, o celulósico minimiza a possibilidade de competição entre combustíveis e alimentos.

Mas, mesmo sendo pesquisado há mais de uma década, ele ainda não consegue competir com os combustíveis convencionais. Nem mesmo os Estados Unidos, mais adiantados na pesquisa, conseguiram tornar sua produção suficientemente barata. "Produzir etanol de celulose ainda custa mais que o dobro do que fazer etanol à base de grãos", afirma o pesquisador Lester Brown, presidente do Earth Policy Institute, no livro "Plan B 3.0" (ainda inédito em português). Ele cita previsão do Departamento de Agricultura dos EUA, o USDA, segundo o qual o combustível celulósico só será competitivo por volta de 2015.

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Quebrar a celulose dos resíduos do milho – cereal usado para produzir o álcool convencional nos EUA – é mais difícil que fazer o mesmo com o bagaço de cana. O custo logístico também é maior: no Brasil, o bagaço já está na usina que produziu o álcool de primeira geração; nos EUA, os resíduos terão de ser recolhidos na lavoura, o que não costumava ser feito. Para complicar, a crise mundial e a queda do preço do petróleo, que tira a competitividade de combustíveis alternativos, reduziram consideravelmente os recursos para a pesquisa nos EUA.

Segundo matéria do jornal "Valor Econômico", há dúvidas sobre a capacidade dos norte-americanos de produzir 61 bilhões de litros de álcool celulósico até 2022, conforme determina legislação aprovada ainda no governo Bush. No ano que vem, as refinarias terão de comprar 380 milhões de litros – e não se sabe sequer se essa pequena quantidade estará disponível. Tanto no Brasil quanto nos EUA, há outra questão importante: alguns estudos sugerem que, ainda que a tecnologia celulósica fique mais acessível, ainda será mais compensador usar o bagaço para gerar eletricidade – algo que já é feito por várias usinas brasileiras – do que para transformá-lo em etanol.