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Tecnologia

Tecnologia de dados deve tornar tratores cada vez mais parecidos com aviões

Caminhão autônomo da Case, marca da CNH Industrial | Divulgação/CNH Industrial
Caminhão autônomo da Case, marca da CNH Industrial (Foto: Divulgação/CNH Industrial)

Em meados dos anos 1990, a CNH Industrial passou a equipar seus tratores com piloto automático. Na época pareceu frescura. De lá para cá, a instalação do piloto virou regra, e a tecnologia evoluiu de tal forma que as empresas já não conseguem dar vazão para todos os dados que são coletados pelas máquinas. Nos próximos anos isso deve mudar,site:gaz e o controle de tratores deve ficar cada vez mais parecido com a operação de um avião.

Nos últimos anos, a tecnologia das máquinas que operam no campo cresceu de forma exponencial. Elas coletam uma série de dados (como do plantio, de performance, etc) que são, em parte, utilizados para melhorar a experiência de uso, abastecendo o computador de bordo.

Mas uma quantia enorme desta informação “se perde”. Dados que são coletados mas não são processados — e ficam lá, no sistema, uma matéria-prima rica e sem utilização. A CNH está desenvolvendo, em parceria com a Microsoft Azure, uma plataforma que irá processar e traduzir estes dados, em tempo real.

O sistema poderá ser acessado na cabine da máquina ou de forma remota, em um computador ou celular com acesso a internet. O agricultor vai ter como saber quanto está produzindo, como está consumindo insumos e o próprio programa pdoe indicar formas de mudar a operação para aumentar a eficiência.

Há um clichê de que “os dados são o novo petróleo”. A comparação é amplamente usada porque faz sentido. Assim como o combustível fóssil exige um refino complexo para se converter em bens de consumo como plástico e gasolina, os dados são valiosos depois de processados.

A própria fabricante deve se beneficiar destes serviços. “É muito valioso para nós entender quando a máquina para, o que aconteceu com ela, como está operando. Do ponto de vista de desenvolvimento, ter uma previsão de manutenção e até do consumo de peças daquela máquina”, explica Gregory Riordan, que o Centro de Inovação e Tecnologia da CNH Industrial, em Sorocaba.CNH Industrial.

No futuro é possível que a própria máquina, ao perceber uma falha ou ineficiência, envie esta informação para o maquinário fábril, e este corrija o processo de produção em tempo real.

Esta plataforma ainda pode ser acessada por terceiros, como fornecedores de sementes e de agroquímicos, que podem oferecer soluções mais personalizadas e eficientes para o agricultor. Mas aí entra uma grande preocupação da CNH: a segurança dos dados.

“É importante não criar esta impressão de que a CNH é dona dos dados dele, porque não é. É como um banco. Eu estou cuidando daquilo, mas o dinheiro é dele. É assim que nós enxergamos o trabalho com os dados, é um ativo do cliente”, explica Gregory.

A ideia é trabalhar em um modelo em que os dados são coletados no campo, enviados para a nuvem da Microsoft/Azure (cujos servidores são privados, e ficam espalhados nas plantas da CNH Industrial) e são de posse do agricultor, que paga pelo serviço (a plataforma que traduz estas informações) e ainda tem a opção de ceder, ou não, acesso para uso fabricante.

Além disso, outras plataformas vão poder se conectar a estes dados, mediante autorização, por meio de uma API.

Agricultura lidera mudanças

Dona das marcas Case, New Holland e Iveco, a CNH Industrial é um dos maiores grupos de bens de capital do mundo. A empresa atua nos segmentos de máquinas agrícolas e para a construção civil; além de caminhões, ônibus e utilitários leves, como furgões.

O projeto de big data, que visa criar formas de traduzir e aproveitar melhor os dados que já são produzidos pelas máquinas, atualmente, é desenvolvido no Centro de Inovação da CNH Industrial, e envolve todos os segmentos do grupo. Quem lidera o processo, no entanto, é a agricultura.

A agricultura despontou na área de uso de dados e automação porque o gap no setor era muito grande, analisa Gregory Riordan. Com máquinas mais complexas, a oportunidade de gerar dados é maior, então a implantação de processos de big data faz mais sentido.

A competição em nível internacional também acirra a briga no setor. “Soja, milho, isso são commodities, então o produtor não está competindo com o vizinho, mas com o cara que produz a mesma coisa do outro lado do mundo, e também tem acesso a tecnologias de ponta”, avalia.

Na Europa, a Iveco já entrega caminhões com uma aplicação que dá feedback para o motorista em tempo real, o que permite ao condutor corrigir falhar na condução, além de fornecer dados sobre o histórico de uso, o que indicar a necessidade de treinamentos, por exemplo. Há planos na CNH de também aproveitar as soluções que estão sendo desenhadas para a agricultura em outros setores, como na construção civil.

*A repórter viajou à convite da CNH Industrial

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