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Fábrica inteligente: O uso de tecnologia para automatizar a produção em fábricas é realidade na indústria desde a década de 1960, naquela que ficou conhecida como a terceira revolução industrial. Agora, essa tecnologia caminha para alcançar um novo nível, adotando robôs em larga escala no processo de manufatura, diminuindo o tempo entre o planejamento do produto e a sua produção e permitindo que máquinas e produtos troquem informações em tempo real. É a chegada da chamada indústria 4.0, cujo berço é a Alemanha. A Academia Nacional de Ciência e Engenharia do país prevê que a adoção em massa de sistemas ciberfísicos (CPS, da sigla em inglês), que integram softwares, sensores e tecnologias de comunicação, possa aumentar em 30% a produtividade da indústria. Na prática: A fábrica da BMW (foto) na Alemanha, em Leipzig, tem mil robôs na linha de produção do carro elétrico da montadora, observados à distância por funcionários que apenas monitoram o trabalho das máquinas. Em outra fábrica alemã, o Centro de Pesquisas para Inteligência Artificial do país demonstra o potencial da indústria 4.0 em um experimento simples: garrafas com sensores de radiofrequência
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Energia mais limpa: Alternativas para produzir energia por meio da captação de raios solares (foto), vento e até ondas marítimas são estudadas há décadas, embora só recentemente tenham se tornado viáveis para adoção em larga escala. Nos últimos 20 anos, o custo da energia produzida por células solares caiu de US$ 8 por watt para até um décimo desse valor e, desde 2000, o uso de energia solar e eólica no mundo cresceu em 19 vezes, conforme o instituto McKinsey. A adoção de alternativas renováveis deve ganhar ainda mais força com os avanços no armazenamento de energia e no monitoramento inteligente destes recursos a partir das chamadas smart grids. Na prática: As energias renováveis são adotadas em grande escala não só em regiões desenvolvidas, como os Estados Unidos e União Europeia, mas também em economias emergentes, como Índia e China a intenção do governo chinês, anunciada em 2013, é quadruplicar sua capacidade de geração de energia solar, adicionando 10 GW por ano até 2015. Este ano, a Ford apresentou um sistema em que um veículo elétrico pode ser recarregado por meio de painéis solares instalados no teto do carro.
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Impressão sob medida: As impressoras 3D (foto), assim como os novos óculos de realidade virtual, começam a se tornar objeto de desejo de consumidores. Este tipo de equipamento tem se tornado cada vez mais acessível, principalmente para a indústria e o setor de serviços o preço médio de uma impressora 3D doméstica diminuiu 90% em quatro anos. Esta tecnologia se destaca por permitir um produto totalmente customizável, de forma ágil e barata, pulando etapas de um processo tradicional de manufatura.Na prática: A indústria aeronáutica e de defesa é uma das que adota em grande escala a produção de peças complexas em impressão 3D, assim como o setor automotivo, evitando desperdício de matéria-prima e barateando a produção. Por outro lado, os setores de serviços e comércio também navegam na onda: a Amazon lançou um portal para clientes fazerem encomendas de produtos customizáveis impressos em 3D, oportunidade também já explorada por empresas brasileiras como a Imprima3D, um delivery de produtos tridimensionais.
Há quase meio século, em 1966, o cientista alemão Karl Steinbuch profetizou: "em poucas décadas, será difícil encontrar algum produto industrial que não tenha um computador dentro de si". Steinbuch viveu até 2005 e pôde acompanhar a revolução da internet, embora não tenha visto a chegada dos primeiros smartphones. Em um mundo hiperconectado, em que não só celulares transmitem dados, mas também geladeiras, pulseiras e produtos ainda na esteira de fábricas, a visão do cientista ganha um novo significado, com a quebra de paradigmas na indústria e no modo como nos relacionamos com o mundo à nossa volta.
SLIDESHOW: Confira algumas tecnologias
A popularização de tecnologias existentes há anos mas que só agora tornam-se econômicas para a adoção em larga escala faz com que entusiastas falem na chegada da "quarta revolução industrial", que atingirá principalmente as linhas de produção das fábricas. A internet móvel, aliada à computação em nuvem e o fenômeno de transmissão, captura e gerenciamento de informações conceituado como big data, permite que dispositivos diversos "conversem" entre si e se tornem cada vez mais autônomos.
"Fabricantes de motores a jato, por exemplo, deixaram de ganhar pelo produto em si, que é o motor, para lucrar em cima de um serviço em que as companhias aéreas pagam pelo total de milhas percorridas pela aeronave. A partir do momento em que os dispositivos passam a mandar mais informação sobre seu uso, este modelo se torna possível para muitas partes de nossa vida diária como pagando pelo uso da máquina de lavar, em vez de comprar a máquina", explica William Webb, especialista em comunicações wirelles da IEEE com PhD na Universidade de Southampton.
Não à toa, a adoção destas tecnologias integradas no ambiente fabril fez surgir o termo indústria 4.0, em que robôs e linhas de produção autônomas assumem tarefas que até então pareciam impraticáveis para máquinas. O setor automotivo, pelo menos no exterior, tem assumido a dianteira neste processo. "Trata-se de ambientes flexíveis, em que pela mesma linha passam diferentes modelos. Cada um desses modelos já traz a informação sobre como ele deve ser produzido. Entra uma ordem de compra pela concessionária, que vai diretamente para a planta, que se adapta, ao fim, ao que determinado consumidor acabou de comprar", afirma o diretor da Divisão de Automação Industrial da Siemens no Brasil, Pablo Roberto Fava.
Cedo ou tarde, "revolução" atingirá o Brasil
Apesar de o Brasil não ser referência em inovação o país ficou ano passado em 64.º lugar em um ranking internacional da ONU sobre o tema , o boom dos smartphones e do acesso móvel em solo brasileiro são os pontos fortes para que tecnologias como big data e internet das coisas criem oportunidades por aqui, tanto para consumidores quanto para empresários. Produtos focados no compartilhamento de bens e serviços via plataformas digitais como Uber e o Airbnb , vêm conquistando usuários, enquanto cidades como o Rio de Janeiro fazem avanços concretos no uso de tecnologia na gestão pública e oferecimento de serviços.
Em outra frente, o uso de energias renováveis pode ganhar força a partir deste ano, com um leilão em outubro específico para energia solar a expectativa é que sejam leiloados entre 500 megawatts (MW) e 1 gigawatt (GW). O setor que deve ser menos impactado a curto prazo pelas novas tecnologias deve ser mesmo a indústria, ainda envolta em baixas sucessivas na demanda, produção e contratações. Estudo inédito do Senai divulgado pela revista Exame mostra que, na área metal-mecânica, apenas de 10% a 30% do mercado deverá adotar robôs de soldagem e montagem nos próximos cinco anos.
Por outro lado, há quem defenda que a adoção de tecnologias de automação no chão de fábrica pode ser justamente uma saída para a indústria brasileira retomar a produtividade. "O uso massivo da robotização vai ser cada vez maior nos próximos anos. As empresas têm que se preparar para se tornarem mais eficientes e competitivas e fazer uso dessa tecnologia, não só para suprir o mercado interno, mas para exportar. É uma questão de sobrevivência", afirma o presidente da T-Systems do Brasil, Ideval Munhoz.