Brasília (das agências) Mais uma vez o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central optou pela manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 19,75% ao ano. É a terceira manutenção consecutiva. Entre setembro de 2004 e maio deste ano, foram nove elevações.
A convergência das expectativas de inflação para a meta ainda não foi suficiente para o BC se convencer de que os preços estão sob controle. A volatilidade nos mercados, em especial nos preços internacionais de petróleo, adiou o tão esperado início do ciclo de baixa dos juros.
O comitê trabalha para assegurar a convergência da inflação para a meta perseguida pelo BC, que é um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 5,1%. No mês passado, o índice foi de 0,25%. A previsão do mercado já está próxima da meta ajustada: 5,4%, segundo a última pesquisa da autoridade monetária feita com analistas.
Com essa trajetória de queda praticamente assegurada, a expectativa é que o BC comece a reduzir os juros a partir de setembro. Na ata da reunião do mês passado, o comitê reafirmou que manteria a Selic neste patamar "por um período suficientemente longo de tempo".
Repercussão
O diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) Boris Tabacof, afirmou que a decisão do Copom torna cada vez mais distante a possibilidade de se reverter o pessimismo no comércio, "que cedo ou tarde irá impactar a indústria". "Não é possível que as autoridades monetárias condenem o Brasil a um crescimento medíocre, possivelmente ainda menor do que a já deplorável previsão de 3% em 2005, conforme as projeções do mercado", criticou o empresário.
O presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, voltou a criticar o Comitê de Política Monetária do Banco Central. "A manutenção da taxa Selic diante de um quadro recessivo, agravado pela crise política, mostra a insensibilidade do Copom com a realidade brasileira", afirmou Rocha Loures.
Seu colega de São Paulo, Paulo Skaf, presidente da Fiep, disse que a "teimosia" do Copom em manter os juros é "intolerável". Para Skaf, a decisão "eleva a extremos a frustração e desrespeita a inteligência dos brasileiros com explicações que não convencem." Em comunicado, o líder empresarial afirmou, ainda, que o Copom perdeu mais uma vez a oportunidade de estimular o nível de atividade produtiva, "neste momento de crise política, desencadeada pelas lamentáveis denúncias de corrupção".