São Paulo - Diante do portão do número 82 na Praça das Guianas, no bairro paulistano do Jardim América, o relógio do celular marcava 40 minutos além da hora combinada. A possibilidade de ficar esperando mais de uma hora para iniciar a entrevista parecia se materializar. Mas logo a previsão foi interrompida por uma Kia Sportage preta que parou ao meu lado e embicou à frente do portão que aos poucos começou a se abrir. "Será ele?" Era.
Mesmo com os vidros com insulfilme na janela, dava para ver: era Amaury Júnior entrando na sua produtora, no bairro dos Jardins, em São Paulo, onde são gerados os seus três programas veiculados na RedeTV e no E!. O que motivou a visita à produtora do mais famoso colunista social do Brasil foi o fato de ele ter criado perfis nas principais redes sociais Orkut, Facebook, Twitter, MySpace, Flickr e YouTube além de um blog.
Todo esse aparato foi montado para que as reportagens que ele está gravando desde quarta passada na África do Sul sede da Copa do Mundo que começa em junho sejam feitas com a colaboração de seu público.
"Quero que seja uma grande pauta coletiva. Por exemplo, quando eu for a um safári, irei twittar e as pessoas poderão fazer suas perguntas Pode matar os animais? e eu vou apurar para tirar essas dúvidas. Além disso, vão poder sugerir Li sobre um bom restaurante nessa cidade e então irei atrás para ver se isso rende", disse Amaury, mais tarde. Mas ali, diante do portão, a dúvida ainda pairava. Será ele mesmo quem posta nos perfis?
O carro passou, o portão fechou e, após uma breve conversa por interfone, a porta foi aberta. Quem estava ali para me receber era Manolo, um mordomo com sotaque espanhol devidamente uniformizado: calça social preta e camisa branca com o logo "Programa Amaury Jr." escrito em vermelho no peito. Ele conduz a caminhada até a sala principal da casa, onde está exposta a coleção de bonecos do chefe. São centenas deles, que ocupam um conjunto de prateleiras de uma parede a outra, do chão ao teto. Apesar das boas miniaturas dos Beatles e de Elvis Presley, o que mais chama a atenção é a farta variedade de mini-garotas de biquíni ou vestidas com fantasias de enfermeira, faxineira e outros fetiches. Manolo, gentil, recomenda: "fique à vontade". Amaury em breve estaria na sala para a entrevista.
Não muito tempo após a apreciação da coleção de boneco(a)s, Amaury chegou para a entrevista. Com cara de quem dormiu pouco "Menos de cinco horas" e com calça jeans e camiseta preta, o apresentador pediu permissão e acendeu um cigarro. "Largo no dia que embarcar pra África do Sul", arriscou. Respondeu a todas as perguntas e exaltou a internet: "Ela vai ditar o conteúdo da televisão". Mas não descartou o tradicional: "Uma mídia não mata a outra, o jornal não vai acabar".
"Logo que o fax foi lançado, eu instalei um no meu programa ao vivo, falei o número no ar e pedi: Quem tem fax pode mandar perguntas, pode falar o que está achando do programa. O Twitter é isso elevado a milhão", refletiu Amaury lá pelo meio da conversa. O colunista apresentou o aparelho de onde escreve as mensagens: um smartphone que roda com Android. Mostrou intimidade com o aparelho e explicou que algumas ferramentas que já existiam foram adaptadas para que, quando ele faça um post em uma rede, a mensagem seja reproduzida em todos os outros perfis. Também entrou no mundo da geolocalização. Um sistema de GPS irá apontar de onde cada fotografia e cada vídeo da viagem foram postados.
Ele não twittou nosso encontro no @oficialamauryjr.