O número de contas atrasadas com empresas de telefonia, acesso à internet e TV por assinatura não só vem acelerando no país, ao contrário da taxa geral de inadimplência, como registrou, em dezembro, a maior elevação em 24 meses.
A inadimplência no segmento avançou 16,21% enquanto o crescimento total de dívidas não pagas subiu 3,19% na comparação com dezembro de 2013, de acordo com o indicador calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
No mesmo período, a taxa de atraso no pagamento para as empresas de água e luz foi 7,73% e de 2,03% entre os bancos. No comércio, houve retração de 1,01% e a média da inadimplência nos outros setores caiu 3,55%.
A expansão significativo da inadimplência no segmento de telecomunicações resultou no aumento da participação do setor no total de dívidas registradas no Brasil. Em cinco anos, o porcentual praticamente dobrou: era de 8,70% em janeiro de 2010 e atingiu 15,82% em dezembro de 2014.
O presença cada vez maior desse tipo de serviço na vida dos brasileiros explica o aumento expressivo no número de dívidas no segmento, diz a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
"Os chamados 'combos', que unem internet, telefone e TV por assinatura, têm se popularizado no Brasil, mas muitos consumidores ainda não se planejam financeiramente para lidar com essas despesas e a quantidade de atrasos tem sido cada vez maior", comenta.
Uma pesquisa revela que o valor médio que o brasileiro gasta com esses serviços é de R$ 104,00 e 87% consideram o gasto com telefonia e internet como "necessário".
Perfil dos devedores
Os dados do SPC Brasil revelam o perfil dos consumidores que atrasam as contas de TV, telefone e internet: a maior parte das dívidas é de clientes com idade entre 30 e 39 anos (27,79%), seguidos por devedores de 40 a 49 anos (19,49%), de 50 e 64 anos (16,13%) e pelos mais jovens, com idade entre 25 e 29 anos (14 43%).
Na análise dos dados por região, o crescimento mais expressivo se deu na região Norte, com alta de 37,42% em dezembro de 2014 ante igual mês de 2013. Em seguida aparecem as regiões Nordeste (21,24%) e Sudeste (14,49%), seguidas pelo Sul (11,47%) e pelo Centro-Oeste (9,88%).